As crianças são fofas. Têm algumas tiradas desconcertantes, sabem de tudo. Com uma retórica bem coerente, surpreendem até mesmo os pais. Os pequenos de hoje são bem mais inteligentes e interessantes do que os das décadas passadas – sem perder, claro, a essência de ser criança. Enquanto os velhos perdem a esperança, elas enxergam um futuro melhor. Os adultos só são felizes quando têm uma criança por dentro.
Hoje (sexta-feira, 12 de outubro) o dia é delas e nada melhor que homenageá-las e também dar a voz as elas. São pequenos no tamanho e pouca idade, mas o fato é que seus pensamento e visão do mundo sempre é algo que inspira. Crianças, entre sete e dez anos, são os protagonistas desta reportagem especial do TribunaSF, produzida pelo repórter Felipe Rodrigues.
Pequeno no tamanho, grande nas ideias
“Deveriam investir melhor em políticas públicas a fim de diminuir a corrupção a desigualdade social, reduzir impostos e aumentar a segurança. Assim, a vida das pessoas melhoraria”. Se engana quem pensou que essa frase veio de um político fazendo campanha ou do povo aclamando por melhorias no país.
O autor dela é uma criança de 10 anos: Raul Gonçalves Moreira, estudante do quinto ano do ensino fundamental. Seus sonhos não são muito diferentes dos demais meninos, ser jogador de futebol é um deles. Além disso, o pequeno afirma ter uma paixão especial pela Biologia e pensa em seguir também a carreira de biólogo.
Em relação ao que muitos falam sobre as crianças como futuro da nação, Raul não pensou duas vezes. “São as crianças de hoje que amanhã estarão exercendo as funções que são admiradas por nós. Elas serão os futuros médicos, governantes, engenheiros”, afirmou.
O pequeno acredita que as crianças devem ter seus direitos respeitados e que suas atribuições devem ser estudar e se divertir. “Ser criança é ser feliz, temos que ter incentivo dos nossos pais para que quando nos tornarmos adultos sejamos pessoas do bem que respeitem o próximo”, afirmou Raul.
“São as crianças de hoje que amanhã estarão exercendo as funções que são admiradas por nós. Elas serão os futuros médicos, governantes, engenheiros” (Raul, 10 anos).
Estudos, brincadeiras e muitos sonhos
Any Resende Rocha tem sete anos e está no primeiro ano do ensino fundamental. Para ela, ser criança é resumido em brincar e estudar. “Eu adoro estudar. Para mim é estudando que a gente aprende ler, escrever e conversar”, explicou.
A pequena contou que o que mais gosta de fazer é cantar e que quando crescer quer ser uma cantora muito famosa. “Eu me inspiro muito na Anitta, acho que ela é uma das melhores cantoras do país, quero ser que nem ela”, disse.
Sobre as estatísticas atuais do país, Any acredita que para diminuir a violência as autoridades deveriam trabalhar uma forma para que os jovens se mantenham fora da criminalidade. “As pessoas devem ser ouvidas, só assim elas serão entendidas”, afirmou. Apesar de pouca idade e de diversos sonhos, quando a pequena foi questionada que se tivesse um poder o que faria, a estudante surpreendeu com a resposta.
“Se eu tivesse uma varinha mágica tornaria o mundo um lugar melhor para viver, tiraria todas as crianças e adultos das ruas e não permitiria que ninguém passasse fome” (Any, 7 anos)
A melhor fase da vida
Ramon Fonseca, 10 anos, disse que está vivendo a melhor fase de sua vida. Enquanto muitos pensam em crescer e se tornarem responsáveis pelos seus próprios atos, ele garante que só de pensar nisso já sente falta da infância. “Ser criança é a melhor experiência na vida das pessoas. Nossas obrigações é estudar, fazer os deveres de casa e brincar com os amigos”, informou.
Ramon está cursando o 4º ano do ensino fundamental e confessa que adora passar seu tempo na escola com os colegas. “Eu procuro ser um aluno dedicado e sempre presto atenção nas aulas, o resultado disso é um boletim escolar que me deixa muito satisfeito”, contou.
O pequeno flamenguista treina futebol há três anos e informou que quando crescer quer representar o clube nos campos, porém enquanto esse dia não chega, sua prioridade é o estudo. “Quando eu for um jogador conhecido, vou ter que dar várias entrevistas aos repórteres e para isso a gente tem que aprender a falar direitinho, né?”, questionou.
Para o estudante, apesar de estar inserido em uma atividade física, é muito importante que o governo e os municípios invistam mais em esporte para as crianças.
“Eu acredito que quando uma criança pratica um esporte, ele fica livre de várias coisas, inclusive das ruas que não tem muito a oferecer” (Ramon, 10 anos).
Lição de solidariedade
“Meu sonho é ser veterinária para ajudar e curar os bichinhos”, disse Ester Reis Moura, de 7 anos, estudante do 1º ano do Ensino Fundamental. A pequena menina acredita que a maior virtude do ser humano é sempre pensar no próximo.
“O que me deixa mais feliz é ajudar as pessoas, as crianças que amam a Deus sempre procuram fazer o bem”, contou.
Quem vê Ester, pensa que ela é a típica criança prodígio que se dedica inteiramente aos estudos, porém, apesar de ser uma ótima aluna, ela garante que é possível ser estudiosa e criança ao mesmo tempo. “Eu gosto muito de estudar assim como eu também gosto de brincar, sou criança e faço coisas de crianças”, informou.
Para ela, algo que tem que ser mudado no país é a questão dos inúmeros casos de violências registrados, para que isso se torne possível. Ela sugere que os educadores ensinem às pessoas o que é certo e o que é errado.
“As pessoas precisam de ajuda, elas tem que saber que a violência é uma coisa ruim e que machuca as pessoas. Se o Brasil conseguir diminuir esse número, vamos viver bem melhor”, apontou a pequeno
“Lugar de criança é na escola aprendendo. É estudando que vamos ajudar no progresso do país” (Ester, 7 anos)