Por Tribuna
Essa é uma daquelas histórias que prova que todos sonhos são possíveis. Basta acreditar e fazer o necessário para alcançá-los. João Pedro Fernandes, de 18 anos, morador do bairro Belo Horizonte, comunidade carente de Volta Redonda, não mediu esforços. Ele foi aprovado no curso de medicina na UERJ (Universidade Estadual do Estado do Rio), um dos mais concorrido do país.
Sempre estudou na rede pública de Volta Redonda, o novo universitário enfrentou uma verdadeira maratona diária para conquistar uma das vagas do curso mais concorrido da instituição. No processo de 2019, foram 104 vagas e mais de 8 mil concorrentes — dando uma média de 77 candidatos por vaga no curso.
As dificuldades não foram obstáculos, mas um incentivo. Não foi fácil, com estudos de segunda-feira a domingo, conforme ele conta em entrevista ao TRIBUNA.
— Eu sempre sonhei em fazer medicina desde criança. Eu falava que queria ser médico e, quando cheguei ao Ensino Médio, percebi que teria que me esforçar bastante pra passar já que é o curso mais concorrido — contou o jovem, que estudou do 6º série ao 3° ano do ensino médio no Colégio Delce Horta, no Aterrado.
A primeira etapa da maratona diária era das 7 às 11h40 na escola de Ensino Médio. A tarde, ele dedicava aos estudos em casa: ao menos três horas por dia. Mas o esforço não parava por aí.
À noite, mesmo exausto, frequentava o pré-vestibular Cidadão, do MEP, um projeto social no qual professores voluntários ministram suas aulas gratuitamente. Lá, as atividades começavam às 18h40 e iam até as 22 horas, de segunda a sexta-feira.
Mas, quem pensa que o final de semana de João Pedro era para descansar, está enganado. Aos sábados, ele se dedicava ao curso de redação e, aos domingos, refazia provas anteriores do Enem e da UERJ.
O prazer de estudar, junto ao desejo de realizar o sonho, era os incentivos para não desistir. O jovem não poderia de deixar um recado para aqueles que tem o mesmo sonho e aconselha:
— Quero dizer que, apesar de todas as dificuldades, principalmente de nós (estudantes de escola pública) morando longe da escola, do pré-vestibular e de todo descaso público é possível chegar lá. É um caminho difícil, injusto e cansativo, mas é possível — disse João Pedro, que prosseguiu:
“Temos que ter em mente que a universidade pública é o nosso lugar e não podemos desistir, de forma nenhuma, de chegar até lá”.
Embora ainda não tenha se matriculado no curso, por conta da suspensão das atividades da universidade devido à pandemia do coronavírus, ele já tem até em mente qual será a sua especialidade na medicina: cirurgião cardíaco. Alguém tem dúvidas que João Pedro conseguirá?