Letrista, vocalista, instrumentista, poeta, louco, Renato Russo completaria 64 anos nesta quarta-feira (27) caso estivesse vivo. Líder da banda Legião Urbana, mesmo tímido, arrastava (ainda arrasta) uma multidão de fãs. Baixo na altura, era um gigante nos palcos. A plateia era o coral em seu show – do início ao fim.
Ele morreu no dia 11 de novembro de 1996, aos 36 anos, em decorrência do HIV-Aids, recluso em seu apartamento na Rua Nascimento Silva, em Ipanema, no Rio de Janeiro – próximo da família e amigos mais íntimos. Discografia não era extensa, mas era intensa nas suas letras profundas.
Em Volta Redonda, há dois registros de show da Legião Urbana. O primeiro foi na sede do Clube dos Funcionários, na Vila Santa Cecília, no início da carreira da banda e com poucos (quase nenhum) registros da apresentação no pequeno salão de festa com pequeno palco.
Porém, em 1990, no auge, o boom do show de Volta Redonda. O dia foi 24 de novembro no Festival Estação 2000, promovido pela prefeitura de Volta Redonda, no Estádio Raulino de Oliveira, no Aterrado. A chuva que antecedeu apresentação não atrapalhou em nada na animação dos fãs.
Em maio de 2019, o TRIBUNA fez uma seleção – ouvindo especialistas no meio musical, cultural e jornalistas – para uma lista dos dez shows mais antológicos que aconteceram na história de Volta Redonda. E o show do Legião Urbana ficou no topo da lista.
O SHOW
Considerada a maior banda de rock do Brasil de todos os tempos, o primeiro da lista foi o show de Legião Urbana em 24 de novembro de 1990, no inesquecível festival “Festival Estação Volta Redonda”. Foi quase uma unanimidade entre os entrevistados. A banda de Renato Russo estava no auge do sucesso. E o jornalista Francisco Edson Alves (hoje jornalista do Governo do Estado) foi escalado para cobrir o show, com Luciano Pançardes (hoje diretor-presidente do Diário do Vale).
“Pouco antes do show, me lembro de um dos assessores dizendo: ‘Ele não vai receber ninguém no camarim. Vocês têm que tentar abordar o pessoal da banda na passagem para o palco. Mas vou logo avisando: o Renato tá doidaço de uísque. Postado à frente da porta do camarim, meu coração disparou quando a porta se abriu e eu, instintivamente fui na direção de Renato. ‘Renato, Renato, você pode falar com a gente?’. Ele olhou e foi passando sem falar nada. Aí, meu lado de fã e repórter iniciante ao mesmo tempo falou mais alto. Pulei na frente dele e mandei: ‘Então me dá um autógrafo?’. Mas ele ignorou meu apelo e subiu ao palco”, relatou Alves.
Ele continuou: “Depois de cumprimentar o público, que lotava o gramado, Renato, rindo muito, emendou: “Vocês são engraçados, sabia? Até repórter daqui pede: `Moço, me dá um autógrafooooo´?”. O público foi à loucura. E eu, feliz da vida, mesmo tendo pagado aquele mico, falei com Luciano: “Caramba!!! Ele tá falando de mim. Uhuuuu!”.
No meio do show, Renato atirou a rosa que ele segurava para o público, mas ela caiu nas minhas mãos. Eu estava na frente do palco, no lugar reservado à imprensa. Fiquei extasiado. De repente, Luciano gritou no meu ouvido. ‘Cara, olha para trás. O público quer a rosa’. Os seguranças estavam tendo dificuldades para conter a multidão, que alegava que a rosa era para os fãs. Mas, poxa, pensei, “também sou fá e isso é histórico!””
Até hoje há um cartaz do festival nos arquivos da secretaria de Cultura de Volta Redonda. Quem guarda o cartaz é o produtor cultural e empresário, Alexandre Braz, o Xan (foto acima).