Por Felipe Rodrigues

O sonho de ser mãe sempre esteve presente na vida da empresária e profissional de educação física Isabella Guimarães Machado, de 34 anos, moradora de Barra Mansa. Mesmo lidando bem com sua condição sexual, o lesbianismo, o desejo nunca foi deixando de lado.

Na época em que ela começou estudar a hipótese de realizar uma inseminação artificial estava em um casamento e sua companheira incentivava o processo de fertilização. Segundo a empresária, seus planos era primeiramente a inseminação e, depois, tentaria uma adoção.

As coisas foram tomando outro rumo do planejado quando o casal conheceu o programa “Apadrinhamento Social”.

O projeto consiste em apadrinhar crianças, a partir dos oito anos de idade, que estão sob cuidados da justiça nos abrigos sociais. No programa, ela conheceu um menino que se tornaria o amor de sua vida: o Danilo, na época com 13 anos.

A família é a segunda personagem da série de reportagem “Mães Especiais”, produzida pelo TRIBUNA.

O rapaz passou a ser parte da rotina do casal, passava os finais de semana com elas e uma vez por semana levavam para a escola.

“Nosso encontro com Danilo foi tão forte e especial que eu não conseguia imaginar minha vida longe dele foi algo surreal”, relembrou.

O projeto consiste também em participar de algumas entrevistas no Fórum para relatar a experiência.

O coração sempre fala mais alto 

Quando foi perguntado se o casal tinha interesse em adorar, (ele já estava a sete anos no abrigo, sendo que o tempo máximo é de dois anos), o coração de mãe falou mais alto.

“Ele teve várias tentativas de inserção na família biológica, mas todas sem êxito. A juíza nos perguntou se tínhamos interesse em adotá-lo, pois outras famílias seriam testadas quando de repente pensei que não poderia vê-lo novamente, meu coração já dizia que eu era mãe dele a partir de então começamos com o processo”, contou.

De acordo com a mãe, por ter sido uma adoção tardia e por ter diversos agravantes, o processo correu bem rápido. “A gente já tinha separado os documentos, mas nem estávamos na fila de adoção. Em fevereiro demos entrada com o pedido e em abril a audiência. Após esses dois meses ele já estava na minha casa definitivamente”, disse sob forte emoção.

“A sensação é que ele veio de mim”

A mãe relata que o jovem, hoje com 15 anos, já passou por muitos momentos difíceis, mas que apesar de tudo isso é um menino muito carinhoso e compreensivo.

“O Danilo sempre foi um menino carinhoso, a sensação é que ele veio de mim e que está comigo desde que nasceu. Ele mesmo fala para mim: ‘mãe eu nasci de você e você nem sabe.’ Ele é lindo, lindo demais”, disse a mãe.

Isabella lembrou que a separação do casal foi algo complicado para Danilo, porém as mães estão se organizando para que essa decisão seja menos impactante na vida dele.

“As coisas para ele estão mais tranquilas agora. Nós moramos na mesma cidade e, apesar dele morar comigo, em alguns fins de semana ele passa com sua outra mãe. Acredito que ele sentiu sim, mas conseguimos o fazer entender que continua sendo filho de duas mães que o amo demais e que isso nunca irá mudar”, reforçou.

Isabella relembrou que um dos momentos mais emocionantes de sua vida foi quando a juíza entregou a guarda de adoção para as mães.

“Tivemos vários momentos especiais, mas o dia da audiência foi o mais emocionante. Ele disse para a juíza que ter uma família era o sonho dele. Quando a juíza falou que o sonho estava sendo realizado, ele chorou muito e conseguiu contagiar a todos os presentes. Foi um dia mágico”, lembrou.

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