Por Juliana Dal Piva e Bruno Abbud (*)
Um dos novos focos do Ministério Público do Rio (MP-RJ) na investigação sobre a possível prática de “rachadinhas” — devolução de parte do salário de funcionários — no gabinete do então deputado estadual e agora senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) será um grupo de parentes de Ana Cristina Valle, ex-mulher do presidente Jair Bolsonaro e mãe de um de seus filhos, Jair Renan.
Nove deles tiveram os sigilos fiscal e bancário quebrados após decisão do Tribuna de Justiça do Rio (TJ-RJ) no dia 24 de abril e divulgada esta semana.
Ana Cristina, com quem Bolsonaro viveu em união estável por dez anos, entre 1998 e 2008, foi a ponte para que a família Siqueira Valle começasse a integrar a extensa lista de funcionários do clã Bolsonaro, há cerca de 20 anos.
Entre 1998 e 2007, surgiram nas listas de funcionários do gabinete de Bolsonaro os nomes de integrantes da família Siqueira Valle.
O primeiro foi o pai de Ana Cristina, José Cândido Procópio Valle, nomeado em 1998. Em seguida, foi a vez de uma prima, Juliana Siqueira Vargas, então estudante e agora funcionária da Caixa Econômica Federal.
Dois anos depois, em outubro de 2002, foram nomeadas a mãe de Ana Cristina, Henriqueta Guimarães Siqueira Valle, e a irmã, Andrea Siqueira Valle.
Nenhuma das duas completou o ensino fundamental e ambas trabalharam boa parte da vida como donas de casa. Andrea é fisiculturista, vai à academia duas vezes por dia e também vive de bicos como manicure e faxineira.
Mais tarde, em 2006, foram nomeados o irmão André Luiz Procópio Siqueira Valle, que é músico, e o primo André Luiz de Siqueira Hudson, técnico em informática.
Ao longo de todo esse período, o escritório político de Bolsonaro sempre ficou em uma casa no bairro de Bento Ribeiro, na capital fluminense. Já os familiares de Ana Cristina viviam em Resende, no sul do estado.