Por André Aquino
A vida do decorador Douglas Pereira Trindade, 25 anos, morador da periferia de Volta Redonda, virou um pesadelo do dia para a noite. Ele foi preso suspeito de ter participado de um roubo de um veículo a mão armada.
Porém, ele estava a mais de 30 quilômetros de distância do local do crime. Mesmo assim, passou quatro dias preso (dois na carceragem da delegacia de Barra do Piraí e dois na Cadeia Pública de Volta Redonda), sem ter nenhuma culpa no crime.
Empregado numa empresa de buffet, no dia e no horário do crime (30 de abril, por volta das 23 horas), Douglas passava a noite ao lado de amigas para comemorar o aniversário de uma delas no bairro Jardim Ponte Alta, em Volta Redonda.
O assalto ocorreu na Rua Mário Salgueiro, no bairro Belvedere, em Barra do Piraí. Um casal foi surpreendido por um suposto trio armado que o rendeu e levou o carro. Um dos assaltantes foi preso logo após o crime e outros dois conseguiram fugir.
O suspeito preso negou aos policiais a participação no crime e disse que havia apenas pegado carona com Douglas. Porém, não era verdade. Ele e o suspeito já trabalharam juntos, mas não tinha nenhum ligação de amizade. Eram apenas colegas de trabalho.
No último dia 13, segunda-feira da semana passada, Douglas foi surpreendido em casa, no bairro São Carlos, em Volta Redonda, com um mandado de prisão temporário e encaminhado para a delegacia de Barra do Piraí.
Lá, ele foi reconhecido pela vítima do assalto e por um policial que estava na ocorrência no dia do crime.
O equipe de reportagem da TRIBUNA teve acesso, com exclusividade, ao depoimento das amigas de Douglas, dando álibi ao rapaz. Os advogados também anexaram ao processo um recebido de uma viagem de uber que o jovem fez e fotografias publicadas nas redes sociais como prova que Douglas não estava no local do crime.
O jovem foi liberado na noite de sexta (17). “É indescritível o que passei. Foram os quatro piores dias da minha vida”, disse o rapaz, emocionado, logo após atravessar os portões da prisão.
Ele pode processar o estado pelo erro, mas ainda não decidiu. Agora, Douglas só quer curtir a família e os amigos. E voltar para sua rotina de trabalhador. Livre, claro.
Nota do advogado do detido no dia do crime: “A defesa do terceiro apontado na reportagem como suspeito, informa tratar-se também de um indivíduo inocente, preso injustamente, que já gozava de liberdade quando da prisão de Douglas, em cujo depoimento, enviado a este veículo de informação, reportou à autoridade policial que o indivíduo que conduzia o veículo em que pegou carona era pessoa diversa de Douglas. Espera-se, assim, esclarecer-se que ambos os detidos são inocentes”. (Nota da redação: ele foi liberado no mesmo dia do crime)