Por Tribuna
As operações são diárias e resultados são expressivos. Há dez dias em Angra, a Tropa de Elite da PM – formada pelo Bope, COE, Batalhão de Choque e Batalhão de Ação com Cães – vem aumentando a sensação de segurança na cidade litorânea.
A vinda deles foi logo após o polêmico sobrevoo do governador Wilson Witzel em Angra. Eles estão instalados no Cais Santa Luiza e não tem previsão para deixarem a cidade.
Neste período de 10 dias, dois suspeitos de integrarem o tráfico foram mortos em confronto, planejamento de um assalto à banco foi desarticulado, explosivos, 15 granadas e três fuzis apreendidos, além de drogas, munições e outras armas. As operações são em conjuntas com os policiais do 33º Batalhão da PM (Angra).
“Não dá para mensurar quantos crimes deixaram de ser cometidos com a nossa presença. Mas viemos aumentar a sensação de segurança da população e restabelecer a ordem em Angra”, disse o capitão do Batalhão de Choque da PM Neyfson Rodrigues Borges Nogueira.
População como aliada
A participação da população com denúncias é essencial para a solução dos casos. O contato do Disque Denúncia é 0300 253 1177 (custo de ligação local) — o anonimato é garantido. Lembrando que a população pode denunciar também pelo aplicativo “Disque Denúncia RJ”.
“O disque denúncia é nossa maior ferramenta porque, quando o cidadão nos abastece com as informações, ele planeja melhor as nossas ações, agimos cirurgicamente e de forma muito mais eficaz, evitando trocas de tiros desnecessárias”, avaliou o capitão.
Só em 2019 o canal de comunicação já recebeu 377 denúncias; das quais 176 foram referentes ao tráfico de drogas.
De paraíso ao campo de guerra
O aumento da criminalidade em Angra dos Reis fez com que, em agosto do ano passado, o prefeito decretasse a situação de emergência na área da segurança pública.
“A grave situação enfrentada pela nossa cidade está cerceando o direito fundamental de ir e vir dos cidadãos, impedindo que serviços públicos essenciais sejam realizados em determinadas localidades controladas pelo tráfico. A situação está insustentável. Não podemos aceitar isto”, disse o prefeito através de comunicado enviado pela assessoria de comunicação à época.
Ainda segundo a nota, a insegurança na cidade poderia resultar no pedido de desligamento das usinas nucleares.
Após a Intervenção Militar no Rio chegar ao fim, em dezembro do ano passado, o decreto foi revogado.
No ano passado, 245 pessoas morreram por conta da violência na cidade. Nos primeiro quatro meses deste ano o número já chega a 50.
Entenda
A guerra em comunidades da cidade começou quando, em meados do ano passado, o Comando Vermelho (CV) decidiu avançar em regiões dominadas pelo Terceiro Comando Puro (TCP) e a milícia. Criminosos oriundos de Santa Cruz, na Zona Oeste do Rio — expulsos pela milícia — migraram para a Costa Sul Fluminense.
A comunidade do Frade, então, foi dominada pelo CV causando uma guerra que vem há meses assustando moradores e turistas.
Outra região dominada pelos criminosos é a Comunidade do Belém. Nesta área, o TCP é quem comanda. Para não perder o controle, a solução encontrada pelos bandidos foi uma aliança com criminosos do Morro do São Carlos, no Estácio, Zona Norte do Rio, após uma tentativa de invasão do CV.
Bandidos da Comunidade Belém estão em guerra com criminosos rivais, que atualmente dominam as comunidades do Frade e do Areal.
O último episódio foi no início do mês. A guerra do tráfico de drogas fechou a Rio-Santos, crianças ficaram acuadas em escola e duas pessoas foram atingidas por bala perdida. Os bandidos se exibiam em vídeos nas redes sociais.