Volta Redonda

Emagrecimento: caminho sem atalhos



Por Roberta Vitorino

Não existe caminho fácil quando o assunto é emagrecimento. O preço é sempre alto quando perder peso faz parte do jogo, seja pra quem está obeso ou para quem está apenas com sobrepeso. A obesidade é uma realidade para 18,9% dos brasileiros e o sobrepeso atinge mais da metade da população (54%). Os dados foram divulgados pelo Ministério da Saúde em 2018.

O publicitário Márcio Lemos, 28 anos, é um exemplo de quem teve obesidade e tentou várias alternativas para emagrecer, mas acabou se rendendo a cirurgia bariátrica. E como conta, o processo foi árduo.

“Decidi fazer a cirurgia em 2015, pois estava engordando muito e não conseguia perder peso através de dieta e exercícios e resolvi buscar ajuda”, conta Lemos, que dois anos depois foi operado.

O publicitário de Volta Redonda afirma que embora seu foco fosse a estética, havia também uma preocupação com sua saúde. “Quando fiz os exames e vi minhas taxas próximas do máximo, em todos os itens, tive a certeza que precisava fazer o procedimento”, explica Lemos, que já vestia manequim 60.

Agora, ele afirma, está mais disposto, suas roupas servem e sua saúde agradece. “A autoestima retornou e hoje me olho no espelho com mais carinho. Andar no ônibus não é mais um problema e consigo amarrar meus sapatos sem perder ar e sentir dor nas costas”, diz.

Mas o processo foi difícil, desde sofrer com a obesidade a tomar a decisão e ter que fazer alguns sacrifícios para alcançar sua meta. “Deixar da noite para o dia de praticar hábitos alimentares ruins não e fácil. Um dia estava comendo pizza e hambúrgueres, no outro 50 ml de caldo de sopa. Mas me sentia preparado psicologicamente para fazer a cirurgia e consegui me adaptar rápido a nova realidade”.


Lemos chegou a vestir manequim 60

Equilíbrio emocional

O preparo psicológico, que Lemos fez com rigor, é fundamental para ter sucesso em um processo de emagrecimento, seja ele qual for. É o que afirma a psicóloga Andreia Gonçalves. “No caso da bariátrica tanto antes quanto depois, precisamos saber se o paciente suportará a nova dieta, se está pronto para mudar a relação que tem com a comida”, diz.

Por isso, a relação com a comida é um assunto que deve ser levado em consideração entre os pacientes que querem emagrecer, assim como a possibilidade de associação a doenças como bulimia e anorexia. “Também é necessário investigar se por traz da obesidade existe algum transtorno como a depressão e a ansiedade. Nos casos de emagrecimento provocados por bulimia ou anorexia, apoios psicológicos e psiquiátricos são fundamentais”, recomenda Andreia.


Perigo das comparações

Para a psicóloga, a principal motivação para emagrecer deve ser a recuperação da saúde, seguida pela melhora da autoestima e do prazer de viver, já que em algumas situações há a perda dessa vontade.

Andreia também alerta para as comparações com padrões de beleza já estabelecidos pela sociedade atual. “O foco para emagrecer não pode ser baseado em outras pessoas ou mesmo o desejo de ter um corpo de uma idade anterior. O foco é a saúde e a perda de peso de acordo com a idade e o perfil individual”, afirma.


Emagrecimento saudável é gradual, diz psicóloga

Conforme diz a profissional, o emagrecimento saudável exige equilíbrio e é necessário esquecer o imediatismo. “Não é indicado perder muitos quilos de repente, pois não se engorda do dia para a noite. O emagrecimento saudável é gradual. É necessário trabalhar a paciência, a persistência, e junto com a nova dieta praticar exercícios físicos”, pontua.

A engenheira Vanessa Carvalho, de 46 anos, tenta emagrecer desde que teve sua segunda filha, há cinco anos. Apostou em diversos métodos e recentemente atingiu resultado positivo através de um tratamento com uma nutróloga.

“Na verdade já tinha escolhido outras opções como nutricionista ou medicina ortomolecular, mas nunca tive o resultado que esperava”, diz, assumindo que sua busca é pela estética.


500 calorias por dia

Vanessa perdeu 12 quilos, dos 16 que se propôs a perder. Somente no primeiro mês perdeu 8 quilos.

Com orientação médica, Vanessa apostou na dieta do HCG, baseada em um cardápio com baixíssimas calorias e no uso diário do Hormônio Gonadotrofina Coriônica humana (HCG) – que é um hormônio produzido naturalmente pela placenta durante a gestação.

Nesta dieta, o uso do hormônio ajuda a inibir a fome e a estimular a queima de gordura, sem favorecer a perda de massa muscular. No primeiro mês o paciente fica restrito a uma dieta de 500 calorias. “A escolha da nutróloga foi a partir de resultados já vistos e outras amigas que tiveram excelentes resultados”, conta.


Vanessa já perdeu 12 quilos

“Me sinto realizada”

Ela acredita que para continuar emagrecendo será necessário fazer atividade física, que não estava incluída no processo do primeiro mês. O resultado, garante, não foi fácil.

“Me sinto realizada, pois é uma expectativa de anos e o resultado foi rápido. Estou muito feliz e orgulhosa de mim, pois só eu sei do que tive que me privar para ter esse resultado”, afirma.

Sem milagre

A médica Bruna Manes orienta que não existe emagrecimento milagroso. “Quem espera emagrecer com chás, com shakes, com pílulas mágicas está perdendo tempo. O resultado depende da mudança de hábito alimentar e de atividade física regular”, alega. Para a médica uma boa avaliação é importante para identificar gatilhos como compulsões alimentares, transtornos de ansiedade ou redução de neurotransmissores do bem- estar, alterações hormonais e aumento de insulina.

Segundo Bruna, há outras opções antes de tentar uma cirurgia bariátrica, que para ela deve ser a última opção. “No caso de pessoas com obesidade mórbida já com risco para saúde, a cirurgia é sim um bom tratamento. Mas quem que têm somente um sobrepeso ou obesidade até grau III, deve primeiro tentar uma mudança alimentar acompanhadas por médico e nutricionista”, explica.


Médica identifica as causas do aumento de peso

Ela enfatiza que procurar profissionais da saúde, como o nutrólogo, é necessário para quem quer emagrecer. “O nutrólogo será responsável por identificar a causa do aumento de peso, seja ele por erros alimentares associados à inatividade física ou realmente uma causa patológica como o transtorno de ansiedade, transtornos alimentares, Síndrome do Ovário Policístico (SOP), alterações hormonais, hipotireoidismo”, relata.


Sono, sem estresse e água 

Pra quem quer começar a perder peso, Bruna sugere o controle do estresse, a inclusão de gorduras boas no dia a dia, beber água em boa quantidade, ter boas noites de sono, retirar farinha branca da alimentação e esquecer os industrializados se alimentando com comida de verdade.

“Além disso, procurem um nutrólogo para avaliar sua parte hormonal e outros índices nos exames, que podem atrapalhar seu emagrecimento”, finaliza.

Não há bons resultados sem uma dose de disciplina, determinação e foco. Vale a pena!



 


3 Comentários

    • luiz silva 13:45

      Parabéns à jornalista por essa excelente matéria!!!!

    • Marcelo Lucena - Campina Grande-PB 16:52

      A orientação mais perfeitas que já vi na Net. A gente pensa que será mais uma daquelas armadilhas para vender sonhos, mas trata-se de utilidade pública sem igual. Valeu!

    • Edilene Pereira De Sousa 18:56

      Amei a matéria , com toda essas explicações tenho certeza que vou conseguir com sucesso a minha boa alimentação.

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