Por Tribuna
Há exatos cinco anos, o jornalista Harrison Nebot, de 27 anos, era atacado fisicamente por dez homens na avenida Domingos Mariano, no centro de Barra Mansa. Ele estava com o namorado. Durante as agressões, foram ditas frases homofóbicas. Na época, o caso ganhou repercussão nacional, mas foi registrado apenas como lesão corporal.
“O que de fato aconteceu com meus agressores? Nada. E me lembro que houve dificuldade de como seriam acusados por não ter uma lei específica”, disse ele (na foto acima).
Se fosse hoje, após o Supremo Tribuna Federal considerar a homofobia como crime de racismo, os agressores não sairiam impunes: ficariam presos e não teriam direito à fiança.
“Foi uma vitória para a comunidade LGBT+, principalmente porque o Brasil é o país que mais mata essa população. Nós não tínhamos um enquadramento específico para esse tipo de crime que pode ser agressão verbal e física, chegando até a morte”, disse o jornalista.
“Criminalização não resolve a violência”, diz ONG
A “Volta Redonda Sem Homofobia” comemorou o resultado final do Supremo. Porém, eles fizeram uma ressalva:
“A criminalização não resolve a situação da violência contra nós, mas é um marco na história do movimento LGBTI, pois poderemos exigir que determinados espaços e pessoas que cometam LGBTfobia sejam cobrados juridicamente”, disse Natã Amorim, coordenador do “Volta Redonda Sem Homofobia” , que continuou:
“Mesma a articulação da bancada evangélica em uma reunião com o Presidente da Corte (fora da agenda) as véspera da votação, não foi o suficiente para barra a votação como pedido anteriormente pelo presidente da corte”, disse Natã.
“É um marco histórico”
Elogios ao Supremo, críticas ao Congresso
Não é papel do STF legislar. Para Harrison Nebot, porém, homofobia não pode ser tratado como racismo: “O que ao meu ver são coisas distintas, enquanto o Congresso não votar e aprovar uma lei específica sobre a questão de gênero e sexualidade. E porque eu faço uma ressalva? Porque mostra que temos uma Câmara conservadora, ultrapassada e sem projetos para atender toda a sociedade”, analisou ele, que continuou:
“Uma câmara que está preocupada com seus redutos eleitorais, interesses religiosos e não com o bem estar social. Palmas ao STF pela coragem de ir além da sua competência para a criação de um ambiente social mais seguro para nós”.
Só esse ano, cinco pessoas foram mortas por conta da sua orientação sexual na região Sul Fluminense