Por Tribuna
Aos 37 anos, Brenda (*) não vai ter a companhia de sua mãe no próximo domingo (10) quando a família se reunia tradicionalmente para o almoço de Dia das Mães. “Neste ano não teremos”, disse Brena
Sua mãe, de 68 anos e moradora de Volta Redonda, foi vítima do Covid-19. Além de idosa, ela tinha um histórico de problemas cardíacos.
— Um vazio enorme. Sei que têm milhares de pessoas que estão passando por isso. Mas, a doença começa a virar tragédia quando nos atinge. Vejo os números e fico pensando: ‘ela não era número. Era minha mãe’. E eu perdi — disse Brenda, em entrevista ao TRIBUNA, via WhatsApp.
Ela está de quarentena, mas não apresentou nenhum sintoma da doença – não foi necessário passar por exames.
Filha única, casada e mãe de uma menina de oito anos, Brenda busca forças na fé e quer mandar uma mensagem para aqueles que ainda não acreditam no potencial mortal do vírus.
“Mata de uma maneira rápida, cruel e sem direito ao funeral digno”, disse ela, que prosseguiu:
— Não acredito quando vejo um líder político incentivando aglomeração, dizendo que as pessoas devam sair e trabalhar para ganhar dinheiro. É uma falta de empatia, falta de respeito. Nada no mundo vale mais do que uma vida. Não tenho palavras – desabafou.
Brenda, no entanto, consegue enxergar algo positivo num momento pessoal tão triste. O empenho da equipe médicas, enfermeiros e técnicos de enfermagem.
— Eles, do mais conceituado médico até a moça da limpeza, vejo uma dedicação enorme. São pessoas que largam as suas famílias, colocam suas vidas em risco para, simplesmente, cuidarem de pessoas que não conhecem. Eles são merecedores de todos os aplausos e honra — destacou a filha.
Após a pandemia, ela pretende fazer uma cerimônia fúnebre simbólica: “Tentar alivia um pouco a dor”.
(*) TRIBUNA não vem divulgando nomes de familiares e vítimas do Covid.