A menina Ketelen Vitória Oliveira da Rocha, de 6 anos, morta por espancamento pela mãe e a madrasta no dia 24 de abril, em Porto Real, será nome de uma rua ou praça da pacata cidade do Sul Fluminense. A ideia, de moradores do bairro Jardim das Acácias, onde ela morava, está sendo analisada pelo prefeito Alexandre Serfiotis. A intenção é transformar a tragédia em um dos marcos de luta contra a violência infantil.
Por meio de sua assessoria de imprensa, o prefeito disse que até a próxima semana “definirá como a homenagem se concretizará”. A iniciativa baseia-se no último levantamento do Disque 100, plataforma do Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos, mostrando que o Rio registrou mais de 11 mil denúncias de violência contra crianças e adolescentes em 2020. O estado fica atrás apenas de São Paulo e Minas Gerais.
Para Maria Alves, de 54 anos, que mora na Rua 11, onde a garota residia com a mãe, Gilmara Oliveira de Farias, 27, e a madrasta, Brena Luane Barbosa Nunes, 25, apontadas como as responsáveis pela tortura e morte da menina, a mobilização é justa.
– Não queremos a marca dessa barbaridade. Um patrimônio público com o nome de Ketelen, pode despertar o assunto de outra forma, pela conscientização da importância do combate à violência infanto-juvenil – justificou.
Na casa humilde, também moravam Rosângela Nunes, 50, e Maria Aparecida Nunes, 86, mãe e avó de Brena, respectivamente. Rosângela, Gilmara e Brena, presas no Instituto Penal Santo Expedito, em Bangu, responderão por homicídio triplamente qualificado. Rosângela, segundo a juíza Priscila Dickie Oddo, teria se omitido e não impedido as surras.
A Defensoria Pública informou que o processo está em fase de citação das rés, mas que somente Rosângela foi citada até o momento. O Globo não conseguiu localizar advogados que por ventura tenham sido constituídos por Gilmara e Brena.
Seis dias antes de morrer, Ketelen foi internada em coma no Hospital Municipal São Francisco de Assis, com sangramento no crânio, marcas compatíveis com queimadura de cigarro e vermelhões por todo o corpo, causados por golpes de fio de telefone. Depois de apanhar, a vítima foi jogada de uma ribanceira de sete metros.
Denúncia do Ministério Público (MPRJ) indica que Ketelen teria sido submetida a severos castigos, como se alimentar com comida estragada, e espancamentos, por nove meses. O imóvel teve uma das janelas fechadas com tijolos. Os vizinhos contaram à polícia que nunca viam a menina, nem no quintal.