O trabalho é cansativo e bem menos divertido do que muitos imaginam – mas ter a chance de participar dos megaeventos esportivos como a Copa de Futebol, as Olimpíadas e os Campeonatos Mundiais é uma experiência inesquecível.
O objetivo é comum: conhecer pessoas de vários países, estabelecer contato com novas culturas, viver emoções no esporte, curtir novas sensações. A equipe de reportagem entrevistou pessoas, moradores do Sul Fluminense, que tiveram essa oportunidade e elas contam como foi. A reportagem especial é do repórter André Aquino.
Um mergulho de sensações
Para quem já participou, o legado emocional dessa experiência vai ficar para sempre na memória. Ou dá pra imaginar o tamanho da emoção de um fanático pela natação ficar frente a frente com Michael Phelps? Um mergulho de sensações foi o que sentiu Demetrius de Sousa, 29 anos, que é de Angra dos Reis.
“Pense em uma pessoa que ame a natação. Agora imagine alguém que sabe tudo sobre os melhores nadadores do planeta. Essa pessoa sou eu. Me candidatei para ser voluntário na Olimpíadas de 2016 e, olha só, fui selecionado para ficar no parque aquático. Vou levar isso para o resto da minha vida. Minha frustração foi não ter a oportunidade de tirar foto”, contou ele.
Grandes eventos esportivos estão longe de serem meras competições. Vão muito além. “São oportunidades únicas do congraçamento de vários povos através do esporte, ainda que reluza uma ou outra rivalidade. Tantas culturas diferentes com algo em comum: a vibração com o esporte”, definiu o jornalista Fernando Pedrosa, que atuou no jornalismo esportivo por mais de duas décadas.
“Pude entrevistar grandes craques da bola, como Zico, Roberto Dinamite, Rivelino e tantos outros. No final da década de 1980, tive a honra de integrar a primeira equipe de esportes de uma rádio do estado do Rio de Janeiro – Tropical FM – a transmitir futebol em FM. Dividi o mesmo microfone com Sérgio Cabral, o pai (não o filho, ex-governador). Olhava para o comentarista ao meu lado e quase não acreditava”, contou Pedrosa.
A experiência que definiu rumo da vida
Para Marcelo Rodrigues, engenheiro de Barra Mansa de 42 anos, não é por acaso. Aos 18 anos, quando fazia intercâmbio nos Estados Unidos, conseguiu trabalhar na Copa de 94, quando a seleção brasileira conquistou a tetracampeonato.
“Fiquei na área de engenharia, dando suporte aos profissionais contratados pela FIFA. Foi uma experiência tão intensa que decidi seguir a profissão e deu certo”, disse.
Preparação para ser voluntário
O jornalista Wandel Garcia foi voluntário na Olimpíada no Rio em 2016. Ele aproveitou que o evento aconteceu no mês em que ele aestava de férias do trabalho e resolveu viver essa experiência, que não se restringiu apenas ao período dos jogos.
“As atividades começaram meses antes em dinâmicas de grupo, workshops, palestras e diversos treinamentos específicos. O que mais me chamou a atenção foi o que nos preparou para lidar com o público, principalmente o estrangeiro. Apesar do brasileiro ser conhecido mundialmente como povo acolhedor, fomos orientados a respeitar os limites de cada cultura, porque em muitos países não é comum esse jeito nosso de se tocar, abraçar, enfim, ter contato físico durante uma conversa ou um encontro casual”, disse ele.
Outro aprendizado importante foi a forma correta de se dirigir às pessoas especiais. “Aprendemos que ao falar com um cadeirante, por exemplo, precisávamos nos abaixar e ficar no mesmo nível da linha do olho pra conversar de igual para igual e nunca os olhando de cima pra baixo”, continuou Wandel.
Ver abertura da Olimpíadas em primeira mão
Um dos momentos que ficou marcado na memória de Wandel foi a possibilidade de assistir a cerimônia de abertura antes de todo mundo. “O último ensaio teste foi feito apenas para os voluntários. E foi completo, com figurino, cenários, iluminação, enfim, assistimos tudo em primeira mão. Saímos do Maracanã orgulhosos, sabendo que não iríamos fazer feio e com a certeza de que o melhor do Brasil ainda é o brasileiro.”
O cansaço é diferente
A experiência da professora de Educação Física, Patrícia Monlevad, é técnica, mas a emoção da sensação de fazer parte é a mesma. “São dias que começam os trabalhos às 7 horas e vão até as 23 horas. Vem o cansaço, mas é diferente”, contou ela, que já foi coordenadora técnica de diversos campeonatos mundiais do Voley de Praia.
“Fico muito nos bastidores, na organização de tabela de jogos e as quadras, mas é uma emoção. No final de cada evento, é muito satisfatório e emocionante, um alívio misturado com felicidade de tudo ter dado certo”, finalizou Patricia, que hoje é subsecretária de Esporte e Lazer de Volta Redonda.
E alguém tem alguma dúvida da emoção da experiência?