Por Tribuna
A mudança de cor do sinal de trânsito é a deixa para o artista entrar em cena: o sinal passa de verde a vermelho e ele ganha o meio da rua equilibrando-se em um monociclo; ou então fazendo malabarismo.
Não se cobra nada pelo espetáculo, mas é bom se o distinto cidadão que passa de carro contribuir com um trocado em reconhecimento ao trabalho. Também é de grande valor um aplauso, um sorriso, um gesto de incentivo.
Os malabaristas que os motoristas de Volta Redonda têm se habituado a ver nos cruzamentos da cidade não buscam muito mais que isso. Eles fazem arte pela arte. Vivem da rua (não confundir com “na rua”) e têm como maior patrimônio a liberdade. A grande maioria é argentino.
Gente que leva uma vida itinerante, rodando a América Latina.
Facundo Llampa, 24 anos, é do estado de Mendonça. É a primeira vez que está em Volta Redonda. Antes, ele passou por Paraná, Santa Catarina e São Paulo, além de Paraty e Angra dos Reis.
“Nós vivemos da rua, o que é diferente de viver na rua, embora muita gente faça essa confusão e nos discrimine. Não dormimos na rua e pagamos hotel todos os dias
Emanuel , de 27 anos, que preferiu não dizer o sobrenome, saiu da sua terra em outubro de 2018. Cruzou a fronteira em março deste ano e chegou em Volta Redonda essa semana. “É a primeira vez que estou aqui”, contou. Sua casa é estrada? “Hoje é. Mas mantenho contato com minha mãe, em Bueno Aires. Mãe sempre fica preocupada. Matamos saudade por telefone”.
Detalhe: Manuel e Facundo não são amigos. Eles se conheceram em Paraty e reencontraram em Volta Redonda. Mas, na hora da apresentação, parecem que os dois são amigos de infância.