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Empresas de Gotardo receberam mais de R$ 4 milhões do estado, diz MP




O Ministério Público Federal identificou com a quebra de sigilo telemático dois emails do governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC) para a a primeira-dama, Helena Witzel, que motram Witzel intermediando contratos dela com o Hospital Jardim Amália Ltda (Hinja) que pertence à família de Gothardo Lopes Netto. Ele foi preso na operação desta sexta-feira e é apontado como braço-direito do governador. Ele foi preso num condomínio de luxo no bairro Laranjal, em Volta Redonda.

O governador foi afastado nesta sexta-feira do cargo, por 180 dias, por determinação do ministro Benedito Gonçalves, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), que autorizou diligências que estão sendo realizadas pela Polícia Federal.

Na decisão, o ministro escreveu que os dois emails foram enviados com “a minuta de um contrato de prestação de serviços advocatícios entre ela e o Hinja”. Depois de enviar a ela, o governador chegou a enviar para si mesmo o mesmo email.

O governo do Rio possui contratos com a empresa GLN Serviços Hospitalares e Assessoria LTDA e ela possui o mesmo endereço do Hospital Jardim Amália Ltda (Hinja) em Volta Redonda. Ambas as empresas pertencem à família de Gothardo Lopes Netto, ex-prefeito de Volta Redonda. Um dos contratos da GLN com o governo do Rio gera o pagamento de R$ 445 mil mensais e de R$ 5,3 milhões por ano para custeio de assistência oncológica. A resolução que permitiu os repasses é de 27 de janeiro deste ano.

O ministro assinala ainda que as investigações mostraram que a minuta inicial tinha sido elaborada por um advogado que atuava para o hospital e “observa-se que a primeira-sama apesar de ser advogada e ser quem figurava como contratada, não participou diretamente da negociação do próprio contrato de prestação de serviços”. Pelo contrato o Hinja, se comprometeu a pagar R$ 30 mil por mês depois de um adiantamento de R$ 240 mil. No entanto, Helena Witzel teria recebido R$ 280 mil.

O MPF afirmou ao STJ não ter localizado provas da prestação dos serviços. “Apesar de a contratação envolver somas consideráveis (com adiantamento de valores expressivos), não se encontrou evidência da prestação de serviços”, afirmou o ministro na decisão.

O MPF também identificou durante as investigações uma extensa troca de mensagens entre Gothardo e Witzel no qual o médico encaminha para o governador um convite para a inauguração do Hinja com o seguinte texto: “seu amigo progredindo, investindo e acreditando no Rio”.

O afastamento ocorre no momento em que a Procuradoria Geral da República (PGR), em parceria com a Polícia Federal (PF), cumpre mandados de prisão e de busca e apreensão contra agentes públicos, políticos e empresários envolvidos, segundo a acusação, em crimes de corrupção e lavagem de dinheiro do grupo liderado pelo governador.

Presidente nacional do PSC, o pastor Everaldo foi preso. Há buscas sendo realizadas na casa do vice-governador, Cláudio Castro.

Em pronunciamento, Wilson Witzel disse que o relacionamento das empresas do Gotardo com o escritório da primeira-dama vem antes da sua posse. A defesa do ex-prefeito de Volta Redonda não se manifestou e nem o Hinja.


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