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Especial: Amor reencontrado nos asilos



Reportagem de Felipe Rodrigues. 

Muitas vezes abandonados por seus entes queridos e outras pela falta de opção para onde ir, os idosos acabam tendo seus destinos nos Asilos (hoje termo utilizado é Institutos de Longa Permanência para Idosos – ILPI). Barra Mansa é uma das cidades da região que mais investe no bem estar dos velhinhos: ao todo, são quatro asilos, contabilizando um total de 158 idosos em lares de repouso. Mas, estar lá não é sinônimo de abandono e sim um resgate da autoestima e da convivência de uma nova família.

O Asilo Vila Vicentina, um dos mais tradicionais em Barra Mansa, funciona há 67 anos. A instituição vem recebendo e amparando idosos de toda região. De acordo com o presidente da instituição João Batista de Paiva, o asilo foi fundado pela sociedade São Vicente de Paula, ligado à Igreja Católica, com o objetivo de atender e amparar idosos enfermos, já que os leitos dos hospitais públicos estavam sempre lotados.

“Toda a diretoria do asilo trabalha por amor. Prova disso é que somos voluntários, nós não recebemos nada além da satisfação de trabalhar e lutar por essa causa”, disse o presidente.

Os dados do asilo surpreendem: hoje o local atende 60 idosos que diariamente recebem atendimento de 28 profissionais contratados na área de enfermagem, técnico de enfermagem, nutricionistas, cuidadores e motoristas. Além desses especialistas, diversos voluntários participam das atividades voltadas aos idosos diariamente, inclusive um médico que semanalmente faz visitas aos internos.

Sem base familiar, idosos chegam aos asilos

O presidente informou que um dos principais motivos dos idosos irem parar em asilos se dá por conta da falta de uma boa base familiar. “Vivemos um tempo em que as pessoas se preocupam mais com suas atividades do que com os familiares”, falou.

João ainda acrescentou que a falta de saúde e debilitação dos idosos são fatores que influenciam ainda mais nesse abandono. “Temos internos cegos, diabéticos, com mal de Alzheimer, entre outros. Nesse momento eles passam a ser um fardo para as famílias que assimilam que a melhor opção é interna-los em abrigos”, informou o presidente.

Autoestima, melhor remédio

Uma das idosas que vive no asilo à aproximadamente oito anos, Dona Maria das Graças, de 86 anos, garantiu que se sente muito feliz em viver no asilo.

“Aqui procuramos viver em comunhão, fazemos diversas atividades durante o dia, conversamos muito, compartilhamos nossas histórias de vida e nos tratamos como família”, disse a senhora. Dona Maria ainda contou que durante o ano o asilo promove diversas festas temáticas. “Ah como eu gosto de festas, sou idosa, mas para mim não tem tempo ruim, gosto de animar esse pessoal, eu danço, canto, me arrumo todo dia, eu gosto de viver assim. Já passei muita tristeza nessa vida, agora eu só procuro motivos para sorrir e levar alegria para a ‘moçada’ daqui”, declarou a idosa.

Financeiro, a luta diária

Uma das maiores dificuldades para manter o asilo é custo para mantê-lo. Segundo João Batista, esse montante mensal gira em torno de R$60 mil. O governo municipal auxilia no funcionamento da instituição pagando as contas de água e luz.

“Essa ajuda é muito importante para nós, são R$ 6 mil que economizamos mensalmente. Existe um subsidio que todos os abrigos recebem, mas para isso tem que estar de acordo com o Estatuto de Cuidar Coletivamente, porém nós não temos condições no momento de cumprir com as exigências da Anvisa e da Defesa Civil para fazer essas adequações”, informou João.

Segundo o presidente, a maior necessidade do asilo é doação fraldas descartáveis. “Diariamente gastamos cerca de 150 fraudas, é um gasto muito alto, se recebermos essa ajuda nosso custo irá diminuir e esse lucro será investido em melhorias para os nossos velhinhos”, solicitou o presidente. De acordo com ele, o gasto mensal com fraudas chegam a R$ 8 mil.

Despertando o espírito de solidariedade

Os alunos do colégio CIEP Nelson Gonçalves, em Volta Redonda, realizaram uma atividade escolar, no qual todas as turmas tiveram que arrecadar itens, entre eles: produtos de higiene pessoal e de limpeza e agasalhos.

A turma do 2º ano do Ensino Médio foi a vencedora e como prêmio os alunos foram contemplados em fazer a entrega desse material. “O dia foi de muita alegria, música e roda de conversa”, garantiu a professora de português Ângela Milani, uma das responsáveis pela criação do projeto.

De acordo com ela, esse exercício faz parte das atividades escolares, o objetivo é mobilizar todas as turmas para arrecadação de itens à serem doados. “Esse ano fizemos uma ação na qual os alunos tiveram que arrecadar produtos de higiene pessoal, de limpeza e agasalhos, ficamos muito felizes com o resultado, foi melhor do que imaginávamos, nós conseguimos contemplar três asilos em nossa região”, comemorou a professora.

A estudante do terceiro ano do ensino médio, Isabelle Cristine, de 17 anos, garante que a atividade é muito importante para o crescimento pessoal e social. “Pelo segundo ano consecutivo eu participo dessa atividade e, apesar de estar formando esse ano, pretendo continuar participando dessas gincanas, arrecadando e colaborando com essa causa que só faz a gente se sentir bem”, disse a estudante.

Ano 2025: 15% da população será idosa 

Segundo uma pesquisa realizada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia Estatística), a população brasileira tem mantido a tendência de envelhecimento desde 2012. Até 2025 é estimado que 15% da população do país será de idosos, totalizando uma média de 35 milhões de pessoas da terceira idade, 56% desse grupo será composto por mulheres, enquanto 44%, os homens.

Asilo Vila Vicentina: Fica na Avenida Presidente Kennedy, 1000, Ano Bom, Barra Mansa. Tel.: (24) 3323-2984. Fotos: Felipe Rodrigues. 


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