O sorriso de uma criança não tem preço. A felicidade dela é personificação do verdadeiro espirito da doação. E quando é multiplicado por duas mil vezes? É isso que a dona Maria Cecília da Silva faz há três décadas em bairros carentes em Volta Redonda durante o período de Natal.
Ela é a segunda personagem da série de reportagem “Dia da Mulher”, comemorado em 8 de março. Durante o mês de março, o TRIBUNA contará histórias de guerreiras que se destacam no Sul Fluminense.
Arrecadando brinquedos, roupas e alimentos com seu projeto intitulado ‘Campanha de Natal’, Cecília de 71 anos já atendeu milhares de crianças. Em 2016, foram atendimento mais de 2,6 mil – recorde do projeto. No ano passado, foram mais de 2,3 mil crianças.
Da dor à solidariedade
Maria Cecília da Silva contou que tudo começou no ano de 1988, após a trágica perda de seu irmão em um acidente. Segundo ela, o fato a causou uma grande dor. “Na tentativa de ajudar a superar o meu sofrimento um amigo me convidou para visitar casas nos bairros Vila Rica e Três Poços, que naquela época eram comunidades muito carentes”, explicou
No início, ela com mais três amigas passaram a realizar cultos ecumênicos, sem especificar religião na casa de uma das moradoras da comunidade, além de aulas de moral cristã para as crianças.
“Foi no final daquele ano que resolvemos iniciar a ‘Campanha de Natal’ para as crianças pertencentes as famílias na qual era realizadas as visitas”, contou Cecília, acrescentando que no total foram 45 crianças.
O sucesso foi tão grande e com a expectativa da realização superada, nos anos seguintes, surgiram mais crianças e, também, mais colaboradores.
Trabalhado o ano inteiro
Maria Cecília leva o projeto tão a sério que o trabalho é constante durante todo o ano, mas é no mês de junho que o cadastramento e o recadastramento das crianças é iniciado. “Vou às comunidades, segundo calendário previamente marcado que consta da ficha. Passo o mês todo fazendo recadastramento. Em outubro começo a distribuir as fichas para os “distribuidores” que repassam para os amigos e parentes”, contou.
As distribuições começam no dia 23 e é finalizado no dia 25 de dezembro. Cecília frisou que o projeto não tem caráter religioso nem político. “Não estamos vendendo imagem, a ação apenas visa apenas fazer o bem e explorar de nós o nosso melhor”, garantiu a senhora.
Recompensa
Para a idealizadora do projeto o que mais a alegra é poder proporcionar para as crianças com os pais sem muitas condições um momento de alegria e de diversão, colocando no coração dela a esperança de um mundo melhor e uma sociedade mais igualitária promovendo a solidariedade. “Contribuir com a realização do sonho de uma criança é uma forma de diminuir a distância do que tem e do que não tem, reduzindo a desigualdade que ainda é tão presente em nossa sociedade”, constatou.
Outro fato que enche a senhora de alegria e orgulho é o reencontro com aqueles que ela um dia contemplou com a campanha. “Já recebi vários abraços afetuosos por jovens que eu não lembrava mais que receberam presentes da Campanha e que hoje me apresentam para esposa, filhos como uma pessoa especial na sua vida, a sensação que fica muito gratificante”, assumiu.
Maria Cecília garante que divulgar ações como essas dão às pessoas a oportunidade de descobrir que atitudes generosas podem partir de qualquer um independente de idade, religião e pensamentos e afirmou que enquanto puder continuará fazendo sua parte. “A ajuda vem primeiramente de Deus e de seus auxiliares e segundo de todos os que tem prazer em realizar essa tarefa”, concluiu Maria Cecília.
Reportagem: André Aquino e Felipe Rodrigues. Foto: arquivo pessoal
Confira a primeira reportagem da série: Dia da Mulher: Do luto à luta, a força de Marília – mãe de Arthur Vinícius