Sociedade - Especial Sul Fluminense

Especial: Vítimas do mundo on-line contam suas experiências



Com o mundo cada vez mais conectado e todos buscando uma maior praticidade, milhares de pessoas são adeptas das redes e mídias sociais e compras em site online.

O período de fim de ano é uma época em que surgem várias promoções que praticamente obrigam o consumidor a comprar os produtos.

Outro fato é a quantidade de “prêmios” que são sorteado e, para receber, o contemplado precisa fazer um depósito ou transferência bancária. E relacionamento abusivo online, existe? Vamos mostrar que sim.

O reportagem especial do TribunaSF dessa semana, produzido pelo repórter Felipe Rodrigues, irá contar três histórias de pessoas que se viram prejudicadas por confiar demais nas facilidades que a tecnologia pode oferecer.

Do amor ao caso de polícia

Muitos casais se conhecem e se formam através de sites de relacionamento e nas redes sociais. Nossa primeira personagem – que vamos identificar como R.A, acreditava que havia conhecido o amor da sua vida no ano passado. Porém, as coisas foram tomando outro rumo e o que era amor tornou um pesadelo.

Ela namorou por seis meses um rapaz que morava em Santos, em São Paulo. Os dois se conheceram pela internet em um site de relacionamento e logo em seguida trocaram telefone e redes sociais.

De acordo com a moça, ele era um homem gentil e bondoso, mas ainda não havia revelado sua verdadeira face.

“Nós sempre marcávamos de nos encontrar, mas sempre havia um imprevisto. Nesse tempo de relacionamento nos vimos apenas duas vezes”, explicou.

A vítima contou que o namorado com o passar do tempo foi se tornando uma pessoa insegura e ciumenta. “No início eu entendia, a distância causava esses sentimentos, mas com o passar do tempo as coisas foram ficando pior”, relatou.

Não aguentando mais aquela situação a jovem resolveu colocar um ponto final na relação.

“Decidi termina devido à quantidade de ofensas e indiretas sobre mim, ele me conhecia, não tinha porque desconfiar daquela forma”, disse.

O que ela não esperava era que ao declarar não queria mais o relacionamento a reação do namorado não seria a melhor.

“Nós trocávamos fotos íntimas, quando disse que não queria mais, ele me ameaçou, garantindo que se eu fosse adiante ele mandaria as fotos para todos meus amigos e familiares”.

No momento que foi chantageada, ela não acreditou que o ex realmente faria o que havia garantido.

“Depois de uns dias sem nos falar ele me procurou e perguntou se realmente iria terminar, quando disse que estava certa disso e as ameaças continuaram”, recordou.

No dia seguinte, a jovem garante que foi o pior de sua vida. Em seu celular havia milhares de mensagens de seus amigos comentando sobre suas fotos.

“Sabe quando acontece algo que você não tem forças para reagir? Foi o que aconteceu, jamais imaginei que isso aconteceria comigo, as fotos viralizou todo mundo viu e muitos ajudaram a compartilhar mais ainda”, afirmou.

Segundo ela, foram dias sem dormir, sem sair de casa e não se alimentando. Hoje ela está com uma ação contra o ex e disse que essa é uma punição muito inferior ao que ele fez passar.

“Nunca vou me esquecer disso, ele foi a pior pessoa que passou na minha vida. Tenho dificuldades de falar sobre isso, mas acredito que é importante para alertar as pessoas que isso pode acontecer com qualquer um”, concluiu.

Quando a esmola é demais…

A Black Friday atrai inúmeros consumidores. Prova disso é a quantidade de pessoas que lotaram as ruas nos municípios da região nesta última sexta-feira (23). Outro meio de garantir descontos é nas lojas online. Às vezes, o preço do mesmo produto é bem mais barato que o da loja física.

Foi pensando nisso e com seu 13° pagamento na mão, a atendente de farmácia Dayane L. decidiu comprar uma TV nova para a sua casa, no ano passado. Segundo ela, a diferença do preço entre as lojas físicas e online estavam em torno de R$400. Porém o que ela não imaginava, era que o site era pirata.

Para piorar o pagamento foi em uma única parcela. “Fiz a solicitação do boleto no próprio site, estava com dinheiro certinho na mão. Fiz o depósito, de acordo com o site chegaria em até sete dias úteis”, contou a jovem.

Notando a demora para a entrega, após dez dias realizada a compra ela foi até a loja física e falou da demora. “Até aquele momento não desconfiei um segundo da fraude, porém lá eles informaram que havia outras reclamações referentes ao atraso e que na verdade a compra fora realizada em um site falso”, explicou, acrescentando que naquele momento chegou a passar mal.

Quando a atendente chegou em casa e foi conferia o rastreamento pelo correio, não havia nenhum pedido em seu nome em andamento. Ela garantiu que sua primeira reação foi ir até a delegacia e registrar a ocorrência.

“Fiz o registro, os policiais me mostraram uma pasta com mais de mil processos aberto de estelionato, infelizmente aconteceu comigo também. Não receberei esse dinheiro nunca mais, mas a lição é válida. Hoje não compro mais nada online”

Prejuízo via telefone

Foi uma ligação em uma tarde de fevereiro de 2015 que rendeu para a nossa última personagem, Vera L. C. um prejuízo de R$ 1,5 mil. Ela que vive com sua chefe, disse que no dia em que tudo aconteceu estava sozinha em casa e do outro lado da linha uma pessoa falando como se fosse intima.

“Logo no início da ligação imaginei que fosse um amigo que mora em Cuiabá (Mato Grosso). Nesse momento já chamei pelo nome desse amigo. Em momento nenhum citou o meu nome e eu nem percebi”, disse.

Logo no início, o rapaz contou que estava vindo de sua cidade para visitá-las, porém no caminho um pequeno acidente quebrou o carro e precisava que o guincho fosse acionado.

De acordo com Vera, onde o rapaz estava não conseguia falar com o suporte de veículos. Então, sem desconfiar, ela ligou e garantiu o atendimento ao amigo.

Em seguida seu telefone tocou novamente. “Nessa segunda ligação, ele me agradeceu e disse que o reboque já havia chegado, porém com o impacto do acidente uma peça do carro havia quebrado e o concerto era de R$ 1,5 mil, como não tinha nenhum banco por perto ele me pediu para que eu emprestasse o valor fazendo um depósito direto na conta do mecânico”, explicou Vera, garantindo que não desconfiou em momento nenhum que era um golpe.

Vera ligou para sua chefe e explicou a situação, com prontidão a chefe logo depositou o valor na conta da funcionária para que ela fizesse a transferência.

Sendo feita o procedimento, ela viu através do WhatsApp que a esposa de seu amigo e logo perguntou se estava tudo bem. Quando ela respondeu, começou a surgir a desconfiança.

“Sem alarmar nada, eu perguntei se ela tinha previsão de quando viria para cá, para minha surpresa ela disse que não tinha ideia, logo contatei minha chefe e contei o que havia acontecido”, expôs.

Nesse momento ela se dirigiu ao banco e conversou com o gerente, porém o mesmo mostrou que o dinheiro que tinha sido depositado naquela conta já fora sacado e que não havia nada mais que pudesse ser feito, aconselhando que a cliente fizesse um registro na delegacia.

“Eu estava com o número da conta e o nome do depositante em mãos e mesmo assim não consegui fazer muita coisa, na delegacia o delegado me explicou que provavelmente aquela era uma conta ‘laranja’ e que esse é um esquema muito antigo e difícil de rastreio”, comentou.

Ter caído nesse golpe fez com que Vera se tornasse uma pessoa mais desconfiada e hoje não cairia novamente em golpes como esse. Porém, apesar do prejuízo financeiro ela garante que contar essa história alerta mais pessoas para que não passem o mesmo que ela.


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