Por Tribuna
Fernando Evangelista, de 36 anos, suspeito de atear fogo na casa em Paraty que vitimou três crianças, foi transferido para a Casa de Custódia em Volta Redonda. Ele saiu da delegacia com forte esquema de segurança. Isso porque centenas de manifestantes o aguardavam em frente à delegacia da cidade (167ºDP).
Já a Dara de Almeida Santos de Souza, de 25 anos, única sobrevivente do incêndio, foi transferida de Hospital da Praia Brava e permanece no CTI. Mas o estado dela é estável. Ela ainda não sabe da morte das crianças – 4, 5 e 7 anos.
Irmãos são sepultadas numa única cova, em Paraty
Cerca de 150 parentes e amigos da família acompanharam o velório das três crianças que morreram durante um incêndio em um casarão de Paraty na manhã da última sexta-feira (24). A cerimônia ocorreu no Necrotério Municipal, que fica a cerca de 400 metros do cemitério, onde foram feitos os sepultamentos, às 10h50. O pai das crianças, ex-marido de Dara, estava bastante abalado.
Segundo a família de Dara, no momento em que os parentes chegaram no local do incêndio, enquanto os três corpos ainda estavam dentro do casarão, o autor do crime, identificado apenas como Fernando, “mostrava-se abalado e chorava bastante, abraçando todas as pessoas que estavam no local”. Mas após os relatos de vizinhos de que o casal tinha brigas constantes, a família começou a desconfiar de Fernando
100 anos de prisão
O laudo técnico pericial realizado na casa descartou incêndio por acidente, segundo o delegado, e apontou “ação humana” como a causa. O homem vai responder por três homicídios qualificados por emprego de fogo e ainda ampliados pelo fato das vítimas terem menos de 14 anos; tentativa de feminicidio contra a mãe das crianças, hospitalizada, com dolo eventual; e pelo crime de incêndio em local habitado — penas que somam mais de 100 anos.
O autor do crime é de São Paulo e está há sete meses em Paraty. O relacionamento com Dara tinha apenas três meses. Nesta sexta-feira, dia do incêndio, o homem saiu de casa e seguiu até um bar próximo, onde comprou isqueiro e um maço de cigarro. Na volta para casa, por volta das 6h30, ele deixa a mulher no banheiro e incendeia um colchão de casal na porta de casa, como forma de bloquear a saída. Depois, ele sai para o trabalho, numa padaria do bairro.
— No primeiro depoimento ele omitiu essa volta para casa, disse que tinha saído e ido direto para o trabalho. E negou ser o autor do incêndio. Mas todas as contradições encontradas pela polícia fizeram ele mudar o comportamento, passando a ficar calado durante as perguntas. Além disso, todas as testemunhas ouvidas terminaram os depoimentos dizendo “acredito que ele seja o autor do crime” — destaca Russo, em entrevista ao O Globo.