Inumeráveis

Inumeráveis: Conheça a história de Cesar, 83 anos, e de Chico, 74



Por Tribuna

Todo dia é a mesma coisa. Números. De mortos, de confirmados, de internados e de curados do Covid-19. Pessoas que se tornaram números têm nome, sobrenome e suas próprias histórias. Para lembrar que os números representam pessoas, o TRIBUNA aderiu ao projeto “Inumeráveis”.

A partir desta quinta-feira (14), vamos publicar depoimento de familiares de pessoas vítimas do Covid.

Todos têm seu legado para os amigos, colegas ou parentes. Todos eram amados e amavam. Conheça a história duas delas:


Cesar Murta de Lima
1936 – 2020

“Ô, pipoca! Só você sabia disso, né?”, dizia ele, sempre que ouvia alguma obviedade.

Cesar trabalhou a vida toda na CEDAE, a companhia de saneamento básico do Rio de Janeiro. Morava em Copacabana, na Avenida Atlântica, e passear na praia era um hábito diário há muitos anos. De baixa estatura, tinha 1,60 metro e vivia queimado de sol.
Astuto e às vezes meio grosso, desdenhava de quem falasse algo óbvio para ele. 

Foi pai, avô, tio e cunhado muito querido por familiares, amigos e vizinhos.

Cesar nasceu em Rio de Janeiro (RJ) e faleceu em Rio de Janeiro (RJ) aos 83 anos vítima do coronavírus.

História revisada por Phydia de Athayde, a partir do testemunho enviado por neto Rafael Magalhães, em 12 de maio de 2020.


Francisco Azevedo
1948 – 2020

Alguém que trabalhou e amou todos “até o tucupi.”

O seu Francisco, mais conhecido como seu Chico, era um homem trabalhador, simples, de poucas palavras, mas repleto de amor.

Estudou pouco, não porque não quisesse, mas porque a vida exigiu que ele assumisse responsabilidades ainda muito pequeno.

Quando sua mãe faleceu, ele tinha apenas 8 anos, e teve que ser criado pela avó. Foi o filho mais velho dos homens e, por necessidade, precisou ajudar no sustento da casa e trabalhar desde criança.

Foi ferreiro e nos contava, orgulhosamente, que havia feito as ferragens do antigo Estádio Vivaldo Lima – atual Arena da Amazônia – quando mostrava os registros das fotos da época.

Depois, tornou-se o Chico do Tucupi. Ficou conhecido nas feiras da Alvorada 1 e 2. Criou seus 4 filhos trabalhando com as vendas de seu tucupi. Ele preparava o melhor molho de tucupi de Manaus.

Deixou 4 filhos e 8 netos. Não pôde se despedir dos vizinhos, dos amigos e nem dos familiares.
Obrigada por ter nos amado, todos os dias, “até o tucupi.”

Francisco nasceu em Manaus (AM) e faleceu em Manaus (AM) aos 72 anos vítima do coronavírus.

História revisada por Vitória Freire, a partir do testemunho enviado por filha Eriana Azevedo, em 13 de maio de 2020.


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