Uma jornalista da cidade de Pinheiral revelou, na manhã de hoje (05/05), durante seu programa de entrevistas, estar sendo vítima de ataques racistas, ofensas pessoais e perseguições sistemáticas nas redes sociais. A profissional relatou os abusos diretamente ao delegado Antonio Furtado, enquanto o entrevistava. Na parte da tarde, junto com testemunhas, compareceu a 101ª Delegacia de Polícia, onde registrou o caso.
– A profissional foi chamada de forma pejorativa, teve sua aparência criticada, sua profissão desmerecida, e ainda foi alvo de uma comparação ofensiva com um animal, o que, a nosso ver, caracteriza crime de injúria racial, hoje equiparado ao crime de racismo, com pena que pode chegar a cinco anos de prisão – afirmou o delegado Antonio Furtado, que assumiu interinamente a delegacia de Pinheiral.
Segundo o delegado Antonio Furtado, os ataques têm origem em um grupo que se organiza pela internet e intensificaram após a jornalista noticiar a absolvição de um morador da cidade acusado de estupro e o pedido da mãe do absolvido para que deixassem de tratá-lo como culpado.
– A matéria gerou reações hostis nas redes sociais, com ataques diretos à jornalista. Colocaram em dúvida sua imparcialidade, desqualificando sua atuação profissional e chegando a fazer insultos com conotação racial, como chamá-la de “urubu” e “jornalista de fundo de quintal”. Verificamos que, além da injúria racial, existe também a possibilidade de caracterização do crime de cyberbullying, caso a conduta ofensiva tenha sido sistemática. A pena para esse tipo de crime pode chegar a quatro anos de reclusão. E deixamos claro que, se qualquer intimidação ou ameaça for feita após o registro da ocorrência, os autores poderão responder por coação no curso do processo, cuja pena máxima também chega a quatro anos de cadeia, o que pode resultar inclusive em prisão em flagrante – explicou o delegado Antonio Furtado.
A denúncia foi formalizada na 101ª DP em Pinheiral com apresentação de provas dos ataques, como prints das publicações e mensagens. Até o momento, cinco pessoas já foram identificadas como suspeitas de envolvimento nos ataques, e o inquérito policial foi instaurado para aprofundar as investigações.
– O que vimos foi uma tentativa clara de intimidar uma profissional da imprensa pelo simples fato dela exercer seu papel. Isso, além de ser crime, representa uma ameaça à liberdade de imprensa e à democracia. Um ataque a uma jornalista é um ataque a todos os que defendem uma sociedade livre e informada – concluiu o delegado.