Volta Redonda preparou para esta sexta-feira uma homenagem a Arthur, um dos dez meninos que morreram no incêndio no Ninho do Urubu, no último dia 8: entraria em campo para enfrentar o Resende, pelo Campeonato Estadual, com um uniforme rubro-negro.
Parte do que lucrar com a venda da camisa com as cores do Flamengo, promete doar à família do jovem que tinha 14 anos. Tudo seria muito bonito se não fosse o fato de a mãe de Arthur rejeitar a homenagem e acusar o clube do Sul Fluminense de oportunismo.
Não foi fácil para Marília tomar coragem para bater de frente com a corrente de homenagens ao filho morto no incêndio.
Depois de conversar com a família, percebeu que todos tinham o mesmo sentimento em relação ao Volta Redonda. Para ela, o mais importante é que a história de vida de seu filho sirva de alerta.
– Esse tratamento que ele teve no Volta Redonda acontece com vários jovens no Brasil inteiro. Aqui, eu vi de perto. Quero que isso venha a público para que as pessoas saibam que nem tudo que reluz é ouro. Muitas vezes essas crianças são vistas como uma oportunidade de negócios, mas elas eram de carne e osso, jovens repletos de bons sentimentos – afirmou.
A fala é de quem acumulou mágoas com o passar dos anos – Arthur chegou aos 10 anos às categorias de base do Volta Redonda. Dona Marília reclama de gastos que teve com o menino que, no seu entender, deveriam ter sido bancados pela diretoria do clube. Quando o menino se lesionou, ela diz que foram abandonados.
Em meio às homenagens e ao luto que tomou a cidade de Volta Redonda, terra-natal de Arthur, a família do menino começou a se incomodar com a postura do clube quando ele ofereceu suas instalações para que ocorresse o velório. A diretoria, segundo dona Marília, não a chamou para conversar antes de negociar o menino com o Flamengo, em 2017. Mas agora queria trazer a família para perto.
Voltaco se posicionou
A diretoria do Volta Redonda se manifestou a respeito das críticas feitas pela mãe de Arthur. O clube afirmou que, dentro do possível, oferece toda condição de trabalho para os jogadores das categorias de base. O Voltaço vai manter a homenagem a Arthur e, caso a família se recuse a receber parte da renda referente à venda das camisas, que o dinheiro será destinado a instituições de caridade. Quanto à declaração de Marília Barros de que não foi consultada sobre a transferência para o Flamengo, o clube se defende e afirma que a decisão partiu do atleta e que, em entrevista à Revista Veja depois da tragédia, a mãe do jogador enumerou outros clubes interessados na contratação do jovem zagueiro, o que mostra que ela tinha conhecimento das conversas para definir o destino da promessa. Reportagem: Bruno Marinho, O Globo.