Cidades

Mais uma paciente reconhece anestesiada preso por estupro




Mais uma vítima do médico anestesista Giovanni Quintella Bezerra, de 31 anos, compareceu à 64ª DP (São João de Meriti), na tarde desta segunda-feira, para denunciar a conduta do profissional durante uma cesárea realizada no centro cirúrgico do Hospital da Mulher Heloneida Studart, em São João Meriti, na Baixada Fluminense, na semana passada.

A mulher, seu marido e a sua mãe reconheceram o criminoso depois da repercussão da prisão em flagrante nos jornais.

Na noite de domingo (10), Giovanni foi preso depois que enfermeiras e técnicas de enfermagem da mesma unidade na Baixada gravarem um vídeo do médico colocando o pênis na boca da paciente, que estava anestesiada durante a realização do parto.

Bastante nervosa, a paciente disse que foi atendida pelo anestesista e retornou para o quarto depois do parto com “casquinhas brancas e secas” no rosto.

A mulher estava grávida de gêmeos e teve o primeiro filho de parto normal no fim da noite do dia 5 de julho.

Cerca de 50 minutos depois, já na madrugada do dia 6 de julho, ela passou por uma cesárea, mas o bebê não resistiu e morreu. Os nomes dos envolvidos serão preservados nesta matéria.

“Eu lembro de ter meu filho e depois disso eu apaguei. Antes disso, eu perguntava a todo momento se era normal sentir sono e ele dizia que sim. Ele a todo momento ficou acima da minha cabeça tentando me acalmar. Eu acredito que fui vítima, não é normal ficar dopada daquele jeito. Eu só fui acordar no outro dia de tarde, eu tentava ficar acordada, mas não conseguia”, disse a vítima na saída da 64ª DP.

A mulher não tem dúvidas que também foi vítima de Giovanni. “Acredito sim que fui uma das vítimas. Eu não consegui ficar acordada no momento mais especial da minha vida. Não conseguia segurar meu filho, não conseguia nem olhar direito para ele”, lamenta.

Revoltada com o fato de ter sido abusada pelo médico, a mulher pediu por justiça. “Eu quero que ele fique preso por muito tempo e quem foi vítima dele venha denunciar para ele nunca mais sair da prisão”, desabafou.

A mãe da paciente também contou o que presenciou no dia do parto. “Depois que vimos as reportagens sobre ele nós viemos correndo, nós somos de Nova Iguaçu. Ela fez um procedimento com ele [Giovanni] de cirurgia e a todo momento ele ficava atrás do pano, mandou o meu genro sair da sala também. Quando ela foi para o quarto, ficou muito sonolenta, dormiu o dia todo. Minha filha veio suja, mas eu achava que era algum medicamento. Eram casquinhas brancas e parecia que a pele dela estava colando e brilhando. Imaginei que fosse um procedimento do hospital”, conta a mãe.

O bebê que sobreviveu ao parto prematuro está internado no hospital em estado grave. No sábado (9), a família enterrou a outra criança. “Meu outro neto faleceu porque demoraram muito para fazer o parto. Não tinha uma sala esperando para fazer o procedimento, precisaram buscar ferramentas em outros lugares do hospital. Demorou tanto que um nasceu em um dia e outro nasceu no outro”, lembra a mãe da paciente.

Ela não tem dúvidas que a filha foi abusada por Giovanni: “Minha filha está em depressão e consternada. Ela ficou sedada por várias horas e eu não entendia porque ela estava toda mole. O esposo está envergonhado e triste. Eu quero justiça!”. Ela ainda afirma que o hospital realizou uma cirurgia errada na paciente.

“Fizeram um corte grande subindo para o umbigo em formato de cruz. Agora estou tendo que cuidar de um, sofrer com o luto do outro, minha filha pode ter sido abusada e uma criança está lutando pela vida. Isso é demais pra mim”, desabafou.

A paciente acredita que a sedação pode ter colaborado com a morte de um dos filhos. “Acho que pode ter sido consequência dessa sedação em excesso. Lembro que a única coisa que ele falava é que estava procurando meu filho. Se tivessem feito uma ultrassonografia antes da cirurgia eles iriam saber onde estava”.

Tendo que conviver com o luto pela perda de um filho, o marido da vítima também esteve na 64ª DP acompanhando a mulher e a sogra. Ele conta que o médico preso pediu para que ele saísse do centro cirúrgico e por isso não viu o nascimento do filho. “Eles não estavam achando a criança e o rapaz da anestesia mandou eu sair na metade e eu ainda não tinha visto a criança nascer e minha esposa estava dormindo. Também não foi feita nenhuma ultrassonografia para ver onde estava a criança que morreu”.

O homem ainda recebeu conselhos de Giovanni horas antes da prisão dele no Hospital da Mulher. “Ontem ele mesmo tinha vindo falar comigo para eu botar o hospital na justiça, me deu vários conselhos e quando vi na televisão era ele, não acreditei. É um sentimento de muita raiva, estamos ali confiando nos médicos e está acontecendo uma coisa dessa”, desabafa.


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