Volta Redonda

Mesmo com abrigo, moradores de rua ficam expostos ao Covid-19



Por Tribuna

Mesmo a prefeitura de Volta Redonda disponibilizando um abrigo durante a quarentena, pessoas em situação de rua permanecem expostos ao coronavírus na cidade. A Vila Santa Cecília é um dos pontos mais críticos do município. Muitos deles sem a mínima prevenção, ficando às margens da prevenção do Covid-19.

Nos últimos três dias, a equipe de reportagem do TRIBUNA esteve no bairro e contou ao menos 15 deles nas proximidades da Praça Brasil.

O repórter encontrou um jovem, com máscara cirúrgica, distribuindo pão e leite aos moradores na tarde de quarta-feira Ele deixava a caixa com o produto e sai logo do local pedindo que os moradores se cuidassem: “É feito com carinho. Se cuidem”, disse o rapaz que foi abordador por um deles que pediu desodorante.

— Não faço parte de nenhuma instituição. Sou (da religião) espírita — disse o rapaz ao repórter,que preferiu o anonimato.

Os moradores do bairro se sentem incomodados com a presença deles. “Isso é um problema antigo, mas com a quarentena se agravou. Ficamos sensibilizados. Porém, ao mesmo tempo, incomodados com as abordagem,  muitas vezes agressiva”, disse Maria Rita Fernandez, de 56 anos.


40 vagas no abrigo 

O espaço é acompanhado diariamente por uma equipe do Consultório na Rua, composta por enfermeiros, psicólogo, técnico de enfermagem, assistente social, além da equipe da Saúde Mental, que cuida e realiza atividades individuais com os abrigados.

Todos os dias, até às 20h, eles têm atividades físicas, oficina de música e cinema. Após esse horário, ficam com um cuidador e um guarda municipal. Nesta quarta-feira, dia 1º, um grupo de voluntários ofertou aos assistidos no abrigo corte de cabelo.

”Vir pra cá foi a melhor coisa”

Entre os abrigados está Juarez Fernandes Constantino, de 45 anos, que vive nas ruas há muito tempo. Ele conta como estão sendo os dias no abrigo. “Tive problemas com a minha família e, por isso, fui parar nas ruas. Vir pra cá foi a melhor coisa que me aconteceu. Aqui faço as minhas refeições regulares, cuido da minha higiene pessoal e tenho tratamento médico. Estamos tão bem aqui e cuidamos desse espaço como se fosse a nossa casa”, disse Juarez.

O objetivo da Prefeitura de Volta Redonda é que todas as pessoas em situação de rua sejam acolhidas no espaço. “Estamos fazendo abordagens, explicando a eles como está funcionando o abrigo e incentivando-os a saírem das ruas. Continuamos buscando alternativas para proteger a população de Volta Redonda. E não vamos parar enquanto o vírus estiver circulando na cidade”, disse o prefeito Samuca Silva.

De acordo com o secretário municipal de Saúde, Alfredo Peixoto, os abrigados precisam seguir algumas regras de convivência. “Eles não podem entrar e sair. Precisam respeitar esse período de restrição, pois, caso tenham o vírus, poderão contaminar os usuários que permaneceram no abrigo temporário. Além disso, os acolhidos devem contribuir com a limpeza e manutenção do espaço e da higiene pessoal, evitar contato físico e aglomerações, respeitando o distanciamento necessário entre os acolhidos”, disse o secretário.

Isolamento


O espaço conta com um local de isolamento que será utilizado para os usuários que apresentem sintomas suspeitos de Covid-19. Para esses usuários serão disponibilizadas máscaras, álcool em gel, além de orientações quanto à importância do cuidado com a separação de objetos pessoais e cuidados de higiene, como a lavagem das mãos. Pessoas que tiverem agravamento do quadro, sem melhora com o uso de medicação, serão encaminhadas para unidades de referência.

O município conta ainda com outros locais para atender as pessoas em situação de rua, como o Centro de Referência Especializado para População em Situação de Rua – Centro POP, o Serviço de Atendimento ao Migrante (SAM), que funciona na rodoviária, e o Abrigo Municipal Seu Nadim.

 

 


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