Um motoboy impediu que criminosos aplicassem um golpe em idosa de 84 anos, em São João de Meriti, na Baixada Fluminense. O caso aconteceu no dia 16 de outubro e foi gravado pelo entregador Carlos Vitor, que se identifica como Vitor El Khouty nas redes sociais, que deveria buscar um envelope na casa da senhora.
Motoboy há quatro anos e meio, Vitor, de 24 anos, disse que começou a desconfiar da entrega quando recebeu uma proposta de gorjeta caso a corrida fosse finalizada. “Eu estava fazendo as minhas corridas normalmente, quando tocou um pedido de São João de Meriti para Ramos. Eu aceitei, como normalmente, e chegando no local e já começaram a me mandar mensagem [os golpistas] de que uma pessoa iria descer para me entregar um pedido e que a corrida estava dando R$ 26, mas que eu iria fechar em R$ 50, ou seja, mais R$ 24 de caixinha”, disse.
“Só que desde aí a gente já começa a ficar com um pé atrás. Ou é uma pessoa muito bondosa ou é alguma coisa que a pessoa está precisando muito… A gente já tem que começar a pensar, mas tudo bem, segui para poder pegar”, explicou.
Ao chegar no endereço de retirada, Vitor se deparou com uma idosa que, segundo ele, parecia estar aflita e querendo se livrar logo do conteúdo do envelope. “Quando veio a pessoa para me entregar, eu vi que era uma senhora. Ela estava muito ofegante, estava cansada, estava suada, que ela falou assim para mim: ‘é você que vai levar isso?’ Eu falei: sim. Ela falou: ‘então pode levar que eu só quero ficar livre disso’. Ali eu já perguntei: mas do que a senhora que ficar livre? Aí ela: ‘Eu só preciso entregar isso para eles logo”.
“Eu peguei o pedido da mão dela e era tipo uma cartinha, só que estava aberta. Nisso, eu consegui ver que era um bando de cartão. Foi quando eu falei com ela: senhora, esse pedido, a senhora sabe para quem está mandando? É para algum familiar da senhora? Aí ela: ‘não, eles são do banco e eu só quero ficar livre deles’. Foi quando eu comecei a juntar as peças: vão me dar dinheiro a mais, mas esse pedido era para a entrada de uma comunidade, eu sei que nesse endereço não tinha banco nenhum. Poxa, ela vai cair um golpe e eu não vou deixar que isso aconteça”, afirmou.
O motoboy então alertou a vítima e a orientou para que não falasse mais com os golpistas e buscasse um parente para ajudá-la. “Falei que não ia levar o pedido, que ela ia cair em um golpe, que não tinha ninguém lá. E nisso eles estavam o tempo todo falando com ela por telefone e deviam estar com ela sob ameaça, não sei qual o tipo de ameaça, mas com certeza estavam, porque ela estava com muito medo e só queria entregar esses cartões. Ela até tinha falado que já tinha mandado as senhas para eles e que só estavam precisando dos cartões”, disse.
Vitor, que não pegou nenhum tipo de contato da idosa, não sabe se os golpistas enviaram outro entregador e se os cartões foram entregues ou não. “Na hora da correria do dia a dia, eu até me arrependi depois, porque eu tinha que ter chamado a polícia ou encaminhar os cartões para polícia… fazer alguma coisa. Eu conversei com ela e falei: senhora, não entrega isso aqui para ninguém. Se eles mandarem outro motoboy, a senhora não entrega de jeito nenhum. Só que ela, sob a ameaça, talvez possa até ter acabado mandando, mas tomara Deus que não”, deseja.
Procurada, a Polícia Civil informou que não encontrou registro de ocorrência do caso. A Polícia Militar afirmou queas equipes da corporação atuam no policiamento ostensivo e que o caso seria competência da Polícia Civil
Uma mulher que preferiu não se identificar, afirmou que este golpe não é novo e que ocorreu o mesmo com o ex-marido há dois anos. Na época, trabalhando como motorista de aplicativo, ele foi acionado para retirada de um documento e entregar em uma comunidade também em Ramos. Sem desconfiar, o homem realizou a entrega e, poucas semanas depois, foi chamado para depor em um caso de estelionato.