Parece que Brasil está carente de amor, compaixão e empatia. O que deveria ser um ato de comoção nacional, a morte de menino de sete anos, neto do ex-presidente Lula, assume uma dimensão que nos faz refletir sobre o que é ser normal.
A morte do pequeno Artur mostrou ao país um grave problema moral, mas também revela uma questão ainda maior: o de valores. Pelo jeito, altruísmo anda esquecido.
Essa ausência de empatia e decência chegou a infectar até políticos eleito democraticamente com responsabilidade. Refiro ao filho do presidente Bolsonaro, o deputado federal Eduardo, que tudo o que soube escrever na Internet sobre a triste é que este deveria estar “em uma prisão comum, como um prisioneiro comum”, sem uma única palavra de piedade ou pelo menos de respeito por seu inimigo político.
O PT e o PSOL, partidos de esquerda, se solidarizaram quando o então candidato Jair sofreu um atentado a facada em Juiz de Fora.
Como resposta ao post de Eduardo, Fernando Lula Negrão escreveu que as palavras do filho do atual presidente “eram emblemáticas do caráter, da criação, dos complexos, da falta de misericórdia, dos ódios, das angústias e da falta de amor que é típica dos psicopatas, dos serial killers e dos covardes…”
Um duro julgamento que, tenho certeza, tem o aplauso dos milhões de brasileiros que não perderam a capacidade de mostrar solidariedade com a dor dos outros.
Uma criança ainda não teve tempo de conhecer a que abismos de cegueira tanto a política como a ideologia podem conduzir.
E cai sobre nossa consciência de adultos a infâmia de transformar em piadas baratas, em ironia e sarcasmo nas redes sociais a dor de um avô pela perda de seu neto.
Lula, mesmo condenado e na cadeia, não perdeu nem sua dignidade de pessoa nem seu pedaço de história positiva que deixa escrita neste país
(*) Essa é a opinião da diretoria do portal TRIBUNA SUL FLUMINENSE. (Com trecho do editorial do jornal El Pais, da Espanha).