A Polícia Civil investiga uma agressão contra uma criança autista, de 10 anos, dentro de uma escola particular no Recreio dos Bandeirantes, na Zona Oeste do Rio. Segundo a família, o caso aconteceu na última terça-feira (2), justamente no Dia Mundial de Conscientização do Autismo. Imagens mostram que o menino ficou com diversos hematomas pelo corpo.
pai da criança, o diretor comercial Jairo Gerard, relatou que sua mulher foi chamada à escola após funcionários informarem que Gabriel Gerard, de 10 anos, estava em crise, em função do autismo. No entanto, ao chegar no local, encontrou o filho com várias marcas, resultado de agressões, nos braços e peitoral. Ela tirou fotos e encaminhou ao marido.
Ainda segundo Jairo, assim que chegou na escola, ele acionou a Polícia Militar e foram encaminhados a 42ª DP (Recreio), onde registraram o caso. A criança foi submetida a exame de corpo e delito para comprovar as agressões.
Gabriel estudava na escola há dois anos e, segundo a família, esta não foi a primeira vez que um episódio como este aconteceu.
“O Gabriel já havia sofrido agressões deste tipo outras vezes e sempre fomos à escola para conversar, explicar a forma de agir neste momento e pedir que tais atitudes não se repetissem. Todavia, no dia 2 de abril foi insuportável, meu filho foi vítima dessas pessoas que não são profissionais da educação e sim agressores covardes”, disse Jairo.
O pai do menino reforçou ainda que o filho não é agressivo e tinha muitos amiguinhos no colégio. “Meu filho é extremamente carinhoso, incapaz de agredir qualquer criança, muito amoroso, essa é a essência dele conosco. Em casa ele é só amor. nossa família não espelha agressividade. Ele é autista não verbal e está se alfabetizando aos 10 anos. Estamos em estado de choque pelas marcas que foram feitas no nosso filho, verdadeiros hematomas. O colégio se posicionou de uma maneira indiferente”, lamentou Jairo.
Jairo disse ainda que no primeiro momento a escola argumentou que usou uma forma para conter o Gabriel, mas que na Polícia Civil, disse o contrário, que ele teria se machucado na grade e na parede. “As agressões no corpo dele mostram que houve uma agressão e não contenção. Crianças autistas não têm condições de definir com clareza o bem e o mal, e esse colégio não está apto para atender crianças autistas”, reforçou o pai.
Logo após o registro na delegacia, a família recebeu um documento por email da escola informando que o menino não poderia mais frequentar a escola.
“Eles estão pedindo um laudo médico da neurologista dele dizendo que ele não teria mais nenhum episódio disso, ou seja, praticamente uma expulsão, já que a gente não consegue prever as reações dele. Esse documento até a neurologista dele repudiou. Temos um laudo afirmando que ele é apto a estudar, mas isso é só um documento também porque não regressaremos com ele a essa escola”, disse.
Após todo o ocorrido, Gabriel está bem, mas segundo a família, sentindo falta dos amigos “As marcas roxas estão sumindo, de uma forma geral ele está recluso, mas não seria diferente”, concluiu o pai.
O caso aconteceu na escola Pensi Recreio II. Procurada, a instituição ainda não se pronunciou sobre o caso. O espaço está aberto para manifestações.
Segundo a Polícia Civil, a investigação está em andamento na 42ª DP (Recreio dos Bandeirantes). Testemunhas estão sendo ouvidas e diligências realizadas para apurar os fatos.