A empresa Cimento Tupi vai implantar, num prazo de dois meses, sirene de alerta para desastres na área onde está situada a barragem da empresa, no território de Quatis.
A informação foi dada nesta quarta-feira por Gil Augusto Carvalho, gerente Industrial e coordenador do Plano de Ação de Emergência para Barragens da empresa, ao secretário de Meio Ambiente de Barra Mansa, Carlos Roberto de Carvalho, o Beleza.
De acordo com Gil Augusto, o Plano de Ação de Emergência foi concluído em agosto do ano passado e está em fase final de implantação. Segundo ele, toda a área da mineradora é monitorada por câmeras de segurança.
Também está sendo organizado um treinamento para cerca de mil moradores da Vila dos Remédios – com foco no auto-salvamento – rotas de fuga e pontos de encontro centralizados no Ginásio de Esporte Gustavo Pereira, no bairro de Fátima, em Porto Real; no campo de futebol e praça de Nossa Senhora dos Remédios, na Vila dos Remédios, distrito de Floriano, e na portaria da extinta empresa Cilbrás, às margens da Via Dutra.
Um eventual rompimento da barragem, embora situada em Quatis, teria reflexos na Vila dos Remédios, no distrito de Floriano, e até mesmo em Barra Mansa, segundo o secretário de Meio Ambiente.
Por isso, Beleza pediu o agendamento de uma reunião pública envolvendo a comunidade da Vila dos Remédios. A solicitação foi atendida e a reunião foi marcada para o próximo dia 26, às 19 horas. O local ainda será definido.
O gerente industrial da empresa tranquilizou a equipe do governo, explicando as especificidades da barragem.
Ele enfatizou que os conceitos sobre as barragens estão sendo revisados, seguindo as determinações da portaria 70.389/2017, da Agencia Nacional de Mineração (antigo Departamento Nacional de Produção Mineral).
A barragem da Cimento Tupi, segundo Gil Augusto, é classificada junto ao à ANM como de baixo risco e alto dano potencial associado.
“A barragem usa a tecnologia de alteamento por linha de centro para o armazenamento de argila. A unidade não fez nenhum alteamento. No entanto, o projeto inicial definia a possibilidade de um alteamento por linha de centro”, afirmou.
A planta onde se encontra a barragem foi adquirida pela Cimento Tupi em 2015. A unidade está com suas atividades paralisadas devido à cota da barragem, que já atingiu o limite projetado.
Existe um pedido junto à ANM (Agência Nacional de Mineração, que substituiu o antigo Departamento Nacional de Produção Mineral) para o retorno comercial da empresa, com fornecimento da argila para a indústria de vidros, argamassa e construção civil, o que aliviaria o volume de resíduos contidos na barragem.
Também durante a visita, o geólogo geotécnico Felipe Lemos, responsável pela elaboração do plano de emergência, traçou um comparativo entre a barragem em Quatis e as que se romperam em Mariana e Brumadinho, no estado de Minas Gerais.
A barragem da cimenteira tem 19 metros de altura, enquanto a de Brumadinho era de 86 e, a de Marina, de 150 metros. Já a capacidade de armazenamento em Quatis é de 204 mil metros cúbicos, contra 11 milhões e 50 milhões de metros cúbicos, respectivamente, das cidades mineiras.