Por Tribuna

Em nota divulgada ao TRIBUNA, o aplicativo da Uber lamenta a atitude do motorista que se recusou a levar um cadeirante. O posicionamento da empresa foi divulgada no início da noite desta terça-feira (10).

— A Uber lamenta que essa situação tenha ocorrido dentro do aplicativo. A empresa fornece diversos materiais informativos a motoristas parceiros sobre como tratar cada usuário com cordialidade e respeito e temos como política que os motoristas parceiros cumpram a legislação que rege o transporte de pessoas com deficiência — disse a empresa, que continuou:

“A Uber defende o respeito à diversidade e reafirma o seu compromisso de promover o respeito, igualdade e inclusão para todas as pessoas que utilizam o nosso app”. Mas a nota não diz se haverá alguma punição contra o motorista.

O CASO

Um motorista do aplicativo Uber se recusou a transportar um cadeirante em Volta Redonda. O caso ocorreu com Leone Fernandes, 25 anos. Ele solicitou uma  corrida do bairro Sessenta, próximo à Escola Técnica Pandiá Calogera (ETPC) até o bairro Vila Rica-Tiradentes.

— Foi num sábado (último dia 29) que isso aconteceu. Não é sempre que eu solicito uma corrida por app, mas por conta da chuva, achei mais viável voltar para casa assim do que de ônibus — disse ele, que prosseguiu:

”Normalmente quando aceitam minhas corridas eu aviso que sou cadeirante. No dia do ocorrido, o motorista chegou até o local solicitado e assim que cheguei até ao carro, o motorista abaixou o vidro do carona pela metade e disse: Como você quer que eu coloque sua cadeira molhada no meu banco? Não cabe no porta malas, tem GNV”. contou Leone, em entrevista ao TRIBUNA:

“O motorista disse que não poderia me levar. Depois ele perguntou para onde era a corrida, disse que era para o Vila Rica, na hora ele respondeu: Não dá, cancela a corrida aí, como eu não tinha nada a ver com isso, eu não cancelei, disse que se ele quisesse, que ele cancelasse a corrida”.

Leone tentou entrar em contato com a Uber, mas em vão. “A única coisa que consegui foi enviar uma mensagem pelo app mesmo”

A atitude do motorista da Uber fere a Lei Federal 13.146/2016, o Estatuto da Pessoa com Deficiência, baseada na Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência.

Segundo advogados ouvidos pela equipe de reportagem, o motorista praticou discriminação e se mostra “insuficiente a garantir os direitos dos consumidores com mobilidade reduzida”. O caso cabe uma denúncia ao Procon e indenização como já ocorreu em outros municípios do país.

— Fala-se sobre inclusão e acessibilidade, mas ainda em 2020 vemos muitas dificuldades nisso. É importante olhar pra essas questões com seriedade e tratar como algo sério a ser resolvido. Buscar entender a melhor forma de atendimento porque, para mim, é muito desconfortável ficar falando o tempo todo, a cada corrida que sou uma pessoa que usa uma cadeira de rodas, entende! — finalizou o jovem