Sociedade - Especial Sul Fluminense

Veganismo, uma escolha consciente aos adeptos no Sul Fluminense



“Você pode substituir um churrasquinho por um tofu no espeto.” Quem nunca ouviu ou usou a frase acima, que foi um dos maiores memes no Brasil, no ano passado? A expressão usada pela filha do cantor Gilberto Gil, a apresentadora Bela Gil, viralizou e caiu no gosto dos brasileiros.

Brigadeiro de banana, coxinha de jaca, quibe de abóbora, escondidinho de soja, são apenas alguns pratos de origem vegana que despertou, no mínimo, a curiosidade de muitos.

Nesta reportagem especial do TribunaSF, produzida pelo repórter Felipe Rodrigues, vai apresentar pessoas que aderiram a esse tipo de culinária. Cada um com seu motivo, mas principalmente por defesa aos animais. A prática do veganismo é não consumir nenhum tipo de carne além de nada de origem animal.

Alimentação vegana pode ser barata e saborosa


Adepta à culinária vegana há oito anos, a nutricionista Lívia Rocha garante que a alimentação, além de ser saudável, pode ser muito gostosa e barata. “O veganismo não é caro. Hoje em dia eu gasto menos do que quando consumia carnes e derivados, a alimentação vegana não perde em nada em nutrientes e vitaminas para a de origem animal, e é muito gostosa”, afirmou a nutricionista.

Lívia confessou que no início o que a motivou foi o fato do sofrimento e da exploração animal. A partir disso, parou de consumir todo tipo de culinária onívora.

“As pessoas precisam se informar e, principalmente, experimentar algo antes de falar que é ruim, a indústria da carne prejudica o meio ambiente, explora animais e nem sempre o consumo de será saudável, pois a industrialização dos alimentos afeta os produtos de origem animal, pois não se come apenas a carne comprada no açougue, sabemos que o consumo vai além disso, como salsicha, nuggets, produtos prontos congelados. Tudo isso tem conservantes e são prejudiciais à saúde”, informou.

Em relação aos pratos, a nutricionista garantiu que existem inúmeros tipos de comidas doces e salgadas que podem ser feitos totalmente veganos e não deixam nada a desejar.

“Há uma gama de sabores no veganismo, receitas maravilhosas de pratos tradicionais e que podem ser feitos. Fora que há como fazer versões veganas dos pratos onívoros, que fica tão gostoso quanto”, contou. Lívia afirmou que desde quando passou a se alimentar de comidas veganas sua qualidade de vida, tanto no aspecto pessoal quanto no nutricional, melhorou bastante.

“Minha pele melhorou, meu intestino funciona melhor. Pelo que vejo dos meus amigos e conhecidos veganos, houve uma melhora na qualidade de vida. Passei a me preocupar mais com o que eu estava comendo depois que deixei de comer carne” (Lívia Rocha)

Lívia declarou quem durante seu período acadêmico pode aprender muito sobre a alimentação vegetariana e vegana, porém existem cursos para aprender a cozinhar pratos veganos. “Um nutricionista já é especializado pra falar de alimentação, seja ela vegana ou não, mais existem outros meios de adquirir o conhecimento e técnicas para aprender a preparar esse tipo de culinária, já que hoje em dia está muito mais popular que em alguns anos atrás”, informou a nutricionista.

Consciência vegana

“Eu parei de comer carne há 15 anos, já os derivados há dois.” A jornalista Mariana Leal, explicou que tem o veganismo em sua vida é como uma filosofia que vêm funcionando e explicou que o que mais a motivou foi quando teve a consciência de que aquele pedaço de carne no prato era de um ser que sofreu para estar ali.

“Eu acredito que os animais não vieram para servir a gente. É uma boa vida e um abate cruel. Foi ai que eu percebi que aquilo não fazia sentido e que eu não precisava daquilo nutricionalmente falando”, contou. A jornalista ainda acrescentou que existem vegetais que contém as mesmas vitaminas e nutrientes da carne.

Mariana abriu mão da carne condicionou a ter uma saúde melhor. “Quando eu comia carne, me alimentava muito mal. Eu sabia que parando teria que rever isto. Foi ai que aprendi a comer e gostar de todo tipos de legumes, verdura. Mudar a alimentação melhorou muito na saúde, hoje raramente eu fico gripada, por exemplo”, afirmou.

Mariana assegurou que a alimentação vegana não é cara, desde que a pessoa se proponha a cozinhar. “Legumes é mais barato que carne, comprar coisas prontas é mais caro por conta da demanda reduzida. Cozinhar é uma boa opção para economizar e hoje no auge da internet existem muitas receitas disponíveis”, contou a jornalista. Mariana explicou que toda adaptação é difícil e com ela não é diferente.

“Às vezes sinto vontade de comer queijo, aí me lembro do porquê de ter parado e a vontade vai embora. Eu não deixo a vontade ser maior do que algo que eu já sei e que hoje eu entendo”, (Mariana Leal)

Para a jornalista o que é mais importante é ter na consciência de que faz sua parte, e disse que é interessante que as pessoas experimentem, conheçam e pesquisem sobre. “A carne não é essencial em nossas vidas, é apenas questão de gosto. Da para viver muito bem sem ela, eu costumo cozinhar para os meus amigos não veganos e todos se agradam, abrir a cabeça é interessante, é gostoso e é possível”, finalizou.

Ramo gastronômico vegano vem crescendo

A empresária Maria Clara Ereas é proprietária de um restaurante vegano na Vila Santa Cecília, em Volta Redonda. De acordo com ela, em agosto de 2018, o estabelecimento completou 38 anos. A ideia, no inicio, foi dos tios da empresária que moravam no Rio de Janeiro e eram adeptos a essa filosofia de vida.

“Quando o restaurante foi aberto, eles não pensaram na parte financeira, mas sim em trazer para o município essa culinária que era de acordo com estilo de vida deles”, disse. Em relação aos dias atuais, Maria Clara garantiu que notou um crescimento impressionante no número de veganos na região, e garantiu que a procura por doces nessa linha é maior até mesmo que de comidas salgadas. “A busca por doces de origem vegana é muito grande, acredito que seja porque a comida de sal é sempre mais comum e mais fácil de encontrar”, explicou.

Maria Clara informou que os preços dos pratos podem ser comparados aos restaurantes que servem outros tipos de comidas e que a crise financeira não afetou o movimento de seu estabelecimento. Segundo ela, nunca houve um momento em que tenha pensado em desistir do negócio por não estar lucrando, muito pelo contrário. “Abrimos um café com os mesmos moldes do restaurante, servimos hambúrguer, coxinha, croquete e tem dado certo, esse estilo de culinária foi indo para uma linha de crescimento e conquistando muita gente”, finalizou a empresária.

“A crise não afetou no movimento, tem época que dá mais movimento e outras que nem tanto, mas um mês bom compensa outro ruim” (Maria Clara)

Produtos veganos, sucesso na região

Outra opção para conhecer o universo vegano é o comércio dos produtos e ingredientes. Em Volta Redonda, existe uma loja especializada em produtos light, diet e vegano. De acordo com o funcionário do estabelecimento Eduardo Meyer, em quase trinta anos de existência, o estabelecimento sempre se preocupou em dar essa opção para o público. “Cerca de 20% dos nossos clientes procuram produtos de origem vegana, hoje em dia procuramos investir ainda mais nessa linha que tem tido um aumento significativo”, contou. De acordo com ele, o número de adolescentes e jovens que estão em fase de adaptação no veganismo aumentou no município. “Notamos esse crescimento, temos nossa clientela fidelizada, mas percebemos que muitos jovens chegam e informa que é vegano e pergunta o que temos nessa linha”, explicou.

Eduardo explicou que apesar das pessoas estarem mais sensibilizadas com a questão do sofrimento do animal, esse crescimento ainda é lento, por isso a loja sempre busca inovar seus produtos.

“Temos uma lanchonete que servimos produtos variados, inclusive veganos, essa é uma opção que damos aos clientes de fazer uma rápida refeição na rua”, contou. Em relação aos produtos o funcionário afirma que existem vários tipos de proteínas sem sabor que pode ser inserido tanto no doce quanto no salgado.

“Existem vários tipos de proteínas que podem ser usadas junto ao tempero, fora isso, temos sementes ricas em cálcio, entre outros”, afirmou.


2 Comentários

    • Renan de Siqueira Teodoro 21:41

      Onde é esse restaurante?

      • Chris 10:59

        Fiquei curioso também, pois como morador de Volta Redonda posso afirmar que as opções vegetarianas aqui já são raras, quiça as veganas! Conheço o restaurante Mutirão, que, apesar de ter algumas opções com carne animal, a maior parte do seu cardápio é composta de vegetais e legumes. O restaurante Brasileirinho também tem umas opções veganas interessantes, como estrogonofe de palmita e mexidinho vegano.

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