Superação, guerreira e batalhadora. Essas palavras resumem bem a vida de Jacqueline Mendes, 32 anos.
Solteira, mãe da Ana Luísa (2 anos), estudante de Administração Pública na UFF (Universidade Federal Fluminense), ela foi selecionada para fazer um intercâmbio na Universidade da Coruña, na Espanha.
Jacqueline foi escolhida dentre 120 mil universitários de todo Brasil.
Porém, o valor da bolsa não cobre todos os custos da viagem, pois ela levará filha Ana Luísa (2 anos), Afinal ela frequenta as salas de aula da UFF desde que ela tinha 5 meses.
“A minha base familiar nasceu em origem humilde, meus pais que estudaram apenas até a quarta série, se esforçaram ao máximo para que eu e meus três irmãos tivéssemos o mínimo de acesso à educação e cultura”, conta a acadêmica.
Em 2012, ela teve um carcinoma no colo do útero, passando por uma cirurgia e a médica disse que isso me impossibilitaria de ser mãe.
“Com o passar do tempo acabei me conformando, conheci uma pessoa que não queria ser pai, até que um dia deixamos de nos prevenir e eu engravidei”, relata Jacqueline Mendes.
O que deveria ser motivo de felicidade virou um pesadelo. Isso porque, conforme conta ela o pai da filha alegou que “eu o enganei e me abandonou com apenas 12 semanas de gestação”.
Com 14 semanas, Jacqueline passou por uma cirurgia e o obstetra me alertava em todo momento que não via possibilidade da minha gestação levar o feto ao nascimento. A gravidez de alto risco a obrigou a viver deitada por todo o tempo e sozinha.
“Passado o susto, dias no CTI, os médicos alertava para possíveis problemas neurais na minha filha, devido ao descolamento de placenta e a falta de oxigenação em seu cérebro. Mais incertezas e cuidados mesmo já de alta do hospital”, contou ela, que continuou:
“Um dia tive que tomar uma decisão muito importante. Eu precisava decidir se iria mudar o meu futuro e o da minha filha ou iria ficar parada deixando a vida me levar já que as condições que eu me encontrava não eram as mais favoráveis. Nunca fui do tipo de pessoa que simplesmente se conforma, e sendo assim decidi ir em busca dos meus objetivos, eu sabia que não ia ser fácil, como realmente não é, mas eu também sabia que desistir não era a melhor opção”, relata
Então, quando a Ana Luisa tinha 5 meses, Jacqueline Mendes voltou pra sala de aula na UFF.
“É um desafio estar na Universidade entre os recém-saídos do ensino médio, e não apenas como alguém que quer um diploma, mas sim como alguém que quer fazer a diferença no mundo”, continuou.
Hoje ela faz parte do Programa Educacional Tutorial (PET), programa do MEC, como bolsista, onde estou diretamente ligada a trabalhos de inclusão social nas comunidades de Volta Redonda.
Além disso, faz também parte do grupo de pesquisa do Laboratório de Investigação das Psicopatologias Contemporâneas – LAPSICON, onde trabalha em um projeto de pesquisa que tem como título: “Políticas de Inserção da Mulher na Produção de Conhecimento Científico a partir da Graduação”.
“Quase todos os dias eu quis desistir e confesso que algumas vezes isso ainda passa pela minha cabeça, ainda bem que muito rápido. Eu precisava pegar dois ônibus pra chegar à aula, era bem difícil ir com mochila, criança, carrinho… Já chegava exausta… Minha atenção nunca foi completa pro professor, porque do meu lado, ou no meu colo ou pendurada no meu peito estava a minha motivação, a Ana Luísa”, frisou.
Jacqueline contemplada com a Bolsa Ibero-Americana Santander 2018, porém a bolsa não cobre os custos da Ana Luísa e ela é parte essencial disso tudo.
“Parece loucura levar uma criança para um intercâmbio, porém, ao meu ver, loucura maior seria abrir mão disso e um dia me sentir frustrada por não ter lutado por isso. É por ela que estou lutando e é por ela que não vou desisti”, finaliza.
Quem puder e quiser ajudar a estudante da UFF, podem fazer a doação através da vaquinha on-line clicando AQUI