O delegado de Polícia Civil Antônio Furtado, responsável pelo plantão de área no fim de semana, abriu inquérito para apurar um caso suspeito de estelionato praticado numa agência de automóveis de Volta Redonda.

A agência, localizada na Avenida Nossa Senhora do Amparo, no bairro Voldac, em Volta Redonda, já foi denunciada por três pessoas que estiveram na delegacia da cidade.

A suspeita é que o número de vítimas, no entanto, chegue a pelo menos 15, até porque, segundo Furtado, uma mulher já confessou que aplicou o golpe em oito pessoas.

Ele calcula que o golpe possa ter rendido aos envolvidos aproximadamente R$ 500 mil.

De acordo com Furtado, a agência fazia financiamentos fraudulentos em nome de pessoas interessadas em adquirir um veículo, mas que desistiam depois de fornecerem documentos para a simulação do financiamento.

O empréstimo, ainda segundo Furtado, era feito sem o conhecimento das vítimas, sendo que os supostos envolvidos ficavam com o dinheiro. O delegado explicou que a agência está em nome de uma jovem de 25 anos, mas que os responsáveis pela firma seriam o pai dela, de 44 anos, e a mãe, de 42. Foi a mãe, conforme informou o delegado, quem admitiu o golpe, que, conforme ela mesmo, vinha sendo praticado desde novembro do ano passado.

Mulher isenta marido e filha do golpe

A suspeita isentou o marido e a filha de envolvimento (o que está sendo investigando), mas apontou dois funcionários da agência – um homem e uma mulher – com quem, de acordo com o depoimento que ela prestou, o dinheiro era repartido

“As vítimas só descobriam que havia um financiamento em seus nomes quando chegava a cobrança da primeira parcela, por não ter sido feito o pagamento”, disse Furtado.

Ele informou que ainda está investigando como o esquema funcionava junto às financeiras e aos bancos, mas acreditava que as assinaturas das vítimas tenham sido falsificadas.

Na sexta-feira três vítimas estiveram na 93ª DP depois que vários lesados estiveram em frente à agência, ameaçando quebrar tudo”, contou o delegado, que determinou a apreensão dos carros da agência.

“Os carros estão apreendidos. Os suspeitos não estão presos porque não houve flagrante, mas vão responder por cada caso. Já há confissão de oito. A pena por estelionato pode chegar a cinco anos de prisão. Eles vão responder também por associação criminosa, cuja pena pode chegar a três anos”, frisou Furtado.

Segundo ele, além das três vítimas ouvidas, outras deverão prestar depoimento na próxima segunda-feira. “O golpe prejudica não só a pessoa que queria comprar, mas não comprou, mas também quem deixou um carro na agência em consignação, pois o veículo passa a configurar como financiado”, afirmou o delegado.

“Ser cobrado por um veículo que não foi comprado é um absurdo. Infelizmente, casos como este se multiplicam no país todo. Alguns são financiamentos de 36 e até 48 meses”, prosseguiu Furtado, para quem as vítimas passam a viver “um filme de terror”:

“A pessoa passa a ser cobrada por uma dívida que não contraiu, tem o nome negativado, fica sem crédito sem ter qualquer culpa”.

Na opinião de Furtado, os bancos têm uma cadeia de segurança falha, pois a documentação exigida deveria ser averiguada antes da concessão do financiamento.

“O suposto contratante tem que confirmar se a transação é real. Não se pode dar um crédito de até R$ 80 mil sem confirmar se a pessoa está de fato contratando. Neste caso, entendo que os bancos têm a obrigação de cancelar o financiamento, pois são fraudulentos”.

Foto: Ilustrativa.