A leveza de Ruth Coutinho é transformada em fortaleza para enfrentar os percalços impostos pela vida. Uma das figuras mais queridas de Barra Mansa carrega no sobrenome a força e luta principalmente em favor daqueles que sofrem com a discriminação por serem diferentes.
Apesar da alegria contagiante, Ruth carrega consigo grandes tristezas, como o assassinato de seu irmão, em 2015, a morte prematura de seu esposo e uma longa batalha contra o câncer de mama.
Ruth Cristina Coutinho Henriques de Lima Rebello, a Rutinha, tem 55 anos, é a quinta personagem da série de reportagem “Especial Dia da Mulher”, produzida pelo TRIBUNA no mês de março.
Ela que é professora e advogada de formação e funcionária pública estadual. Atualmente trabalha como secretária de Assistência Social e Direitos Humanos, na prefeitura de Barra Mansa, mas no seu currículo carrega diversas funções políticas, tendo atuado como vice-prefeita, em 2007 e vereadora, em 2004, no município.
Infância e adolescência felizes
Ruth relembrou sua infância como sendo uma época muito marcante em sua vida. Segundo ela, o interesse em lecionar surgiu através da profissão de sua mãe, a também Ruth Coutinho. “Minha mãe criou um jardim de infância em casa porque queria trabalhar e eu era pequena”, contou.
Na adolescência Ruth estudou no Colégio Estadual Barão de Aiuruoca e terminou o magistério no Colégio Nossa Senhora do Amparo. Em seguida, mas já na graduação, se formou em Letras e Direito, posteriormente pós graduou-se direito do Estado e administração pública.
Como parte de uma família de berço político, desde muito jovem ela já mostrava que não veio ao mundo de passagem e demonstrou cedo seu interesse em atuar em favor dos direitos humanos.
Lidar com o câncer
Foi em 2013 que a nossa personagem começou a notar uma diferença em seu seio, porém ao realizar um exame laboratorial, nada havia sido constatado. Foi apenas em março de 2015, que ela recebeu o diagnóstico de um nódulo no seio esquerdo. “Foi um desafio muito complicado em minha vida, fui encaminhada ao Instituto nacional do Câncer (Inca) e resultado foi positivo para câncer”, contou Rutinha.
Como consequência da doença, Ruth teve que retirar a mama esquerda e fazer sessões de quimioterapia, onde perdeu os cabelos devido a intensidade do tratamento. “Desde então vivo com um expansor e sigo na fila aguardando a colocação de prótese definitiva”, explicou.
Hoje, apesar de curada, Ruth faz parte da estatística de mulheres com câncer de mama e garante que atitudes positivas, alto astral e principalmente fé em Deus são os principais ingredientes para auxiliar na luta e cura da doença.
Rutinha ainda faz questão de deixar como lição a importância da mulher se cuidar e de realizar o autoexame, para que casos como esses tenham o mesmo desfecho que o dela.
“Sabemos que o câncer de mama é a doença que mais mata mulher no mundo, temos que priorizar nossa saúde. O meu nódulo foi descoberto no início, isso facilitou o tratamento e a cura, é essencial nos cuidar”, sugeriu a professora.
Impunidade no assassinato do seu irmão
Ainda em 2015, Ruth relembrou de outro fato que marcou muito sua vida e de sua família que foi o assassinato de seu irmão, Jerônimo Coutinho, que sofria de esquizofrenia. “Naquele dia eu estava no Rio de Janeiro, até hoje não entendemos o que de fato motivou a tortura e assassinato dele que era um incapaz”, questionou.
Pouco tempo após o crime, o assassino foi preso, porém mesmo após a confissão do crime ele foi absolvido. “A dor de não tê-lo mais entre nós e a impunidade da justiça são coisas que ainda nos magoam muito”, garantiu.
Maior exemplo
Sem dúvidas para a nossa personagem o seu maior exemplo de vida e de caridade será sua mãe. “Minha mãe, a também Ruth Coutinho, foi a primeira mulher política, primeira vereadora em Barra Mansa. Ela foi um exemplo de mulher caridosa. E nos deixou esta grande herança de amor ao próximo, carrego ela comigo em tudo, inclusive no nome, e como eu me orgulho disso”, afirmou Rutinha.
O interesse na vida política veio graças ao trabalho que foram realizados pela matriarca da família Coutinho. Ruth lembra que desde muito nova sempre participou das atividades políticas em Barra Mansa e também do trabalho assistencial de sua mãe. “Creio que tento seguir o modelo de atuação de minha mãe, mas meu maior motivador é Jesus Cristo, ele é quem me dá forças de levantar bandeiras na luta para melhoria da qualidade de vida de nossa população, colaborando para uma vida mais digna para as pessoas”, pontuou.
Secretaria de Assistência Social e Direitos Humanos
Ruth é uma das secretárias da Prefeitura de Barra Mansa que mais veste a camisa e se doa por completo em sua atuação. Para ela, trabalhar em um setor no qual pode lutar pela igualdade e melhorar a vida das pessoas é uma função no qual todos deveriam praticar no dia-a-dia. “O que me faz feliz é lutar contra as desigualdades sociais, buscando dar mais dignidade às pessoas. É ter fé em Deus, mas principalmente fé em nós mesmos, em nossas potencialidades. Fazer um esforço e exercício diário na prática do bem e no domínio de nossas más tendências”, finalizou a secretária.
Reportagem: Felipe Rodrigues. Fotos: Arquivo Pessoal
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