Destaque 1 Dia dos Pais Especial

ESPECIAL: Casais contam a magia da adoção de filhos



Por Felipe Rodrigues 

Toda família é especial do seu jeito. O laço sanguíneo não é maior que o afeto e o amor que diariamente são demonstrados através das atitudes e até mesmo um sermão, quando necessário. A adoção deixou de ser um tabu, de muitos anos, e tornou-se uma clara demonstração de carinho e esperança para pais e filhos que sonham em constituir uma família.

Cada um em seu estilo e contexto familiar, vamos contar nessa reportagem especial do dia dos pais, do TRIBUNA, duas histórias de pais adotivos.

O primeiro caso é do funcionário público de Barra Mansa Alexandre Campos, o Xandão e a segunda com o casal homoafetivo de Volta Redonda, Robson Miranda da Silva e Leandro Luis da Silva. Eles são os personagens da série ‘Pais exemplos’. Eles são os dois últimos personagens da série “Pais Especiais”, produzida pelo TRIBUNA.


Sonho de ser pai veio em dose dupla


O sonho de ser pai sempre acompanhou a trajetória do funcionário público de Barra Mansa, Alexandre Campos, mais conhecido como Xandão, de 50 anos. Durante três anos e meio, ele e sua esposa Carla Bock, aguardaram ansiosamente a chegada de um filho que tornaria a família mais completa.

Na época em que o casal entrou na fila da adoção, não havia o cadastro nacional e a conquista era válida apenas por região.

Apesar das dificuldades iniciais, isso não os desanimou e a realização de cadastro em outras cidades trouxe a esperança de que finalmente o sonho estava prestes a se concretizar.

Foi em uma cidade do estado que veio o primeiro contato. Chegando ao orfanato dessa localidade, na qual o pai preferiu não identificar, ele conheceu duas irmãs Bárbara, que na época ainda não tinha completado um ano e Indiara, com um.


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– Elas estavam juntas no mesmo orfanato, muitos casais queriam apenas uma. Eu não seria capaz de separá-las, quando chegou a nossa vez na fila quisemos as duas, conquistamos o direito e o vínculo com elas e as trouxemos. Desde que as vi pela primeira vez, sabia que não seria capaz de separá-las e há 17 anos estamos juntos, relembrou.

Em relação ao assunto ‘adoção’, Xandão garantiu que o tema nunca fora algo que não havia sido conversado e tratado de forma aberta entre os pais e as filhas.

– Desde cedo minhas filhas souberam da adoção, tivemos esse compromisso de contar a verdade e nunca houve um problema por parte das duas. Nunca pensamos em não contar, pois os filhos não merecem ser criados sem a verdade e confiança, ressaltou.


Não sinto que exista diferença entre ser pai adotivo ou biológico. Os desafios e preocupação são os mesmos, assim como a alegria. Gosto de falar da adoção como um encontro, um encontro marcado por Deus para que novas famílias sejam formadas. 


Orgulhoso, a pai contou que hoje, aos 17 anos, Barbara é atleta de alto rendimento na ginástica de trampolim e Indiara, com 18 anos, se tornou professora.

– Para mim ser pai representa a possibilidade de ampliar os horizontes dos filhos para se tornem cidadãos de bem. Significa entender a missão dada por Deus e executá-la com responsabilidade e disciplina, considerou.


Casal homoafetivo conta história de adoção


Dizem que quem tem um pai presente tem tudo, imagina quem tem dois. Esse é o caso do casal homoafetivo de Volta Redonda, o professor de matemática e física, Robson Miranda da Silva, de 41 anos e seu esposo, o engenheiro, Leandro Luis da Silva, de 44. Juntos há quase 20 anos, há oito dividem um lar, porém a oficialização do matrimônio veio em maio de 2017. O motivo? Entrar com um processo de habilitação para adoção. Em agosto no ano posterior veio direito e em outubro aconteceu a primeira audiência para iniciar convivência entre o casal e o filho.

Essa pode até parecer uma história comum entre vários casais gays e lésbicas, porém, foi em um ambiente de comum convivência de Robson, que começava a surgir o interesse.

– Eu dou aula há mais de 18 anos, o ambiente escolar nos proporciona muitos momentos e emoções marcantes. Foi em um desses momentos que me vi almejando a paternidade. Quando assumi a direção de uma escola, em 2013, passei assumir também muitas outras responsabilidades, tendo sob minha visão um campo mais amplo, recordou Robson.

Dentre as responsabilidades de diretor da unidade, uma delas era de lidar com alunos que viviam em lares acolhedores, foi nesse momento que ele o professor percebeu que algo novo estava por vir.


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– Comecei a conversar com o Leandro e dividir o que acontecia na escola, sempre destacando o desafio do dia a dia e também as alegrias que as crianças me proporcionavam. Foi em meados de 2014 que comecei a falar das crianças que frequentavam a escola e moravam em abrigo. Cada dia algo novo e esse assunto despertavam nele uma grande curiosidade e interesse, contou.

Dentre todas as crianças, uma em especial mexeu com ele, e todos os dias em comentava com o esposo a respeito do pequeno.

– Ele tinha um jeito introspectivo de ser, uma carência afetiva, demonstrava no olhar seus medos e suas necessidades. Sempre ao falar do meu dia, em especial, esse aluno se destacava e nossos olhos se enchiam de lágrimas. Esse menino foi pouco a pouco ocupando espaço em nossos corações. Daí veio o interesse em buscar informações para que um primeiro passo rumo à adoção fosse feito, disse.

Ambos pertencentes a grandes famílias com muitos irmãos e sobrinhos. Até então, fora cogitada a hipótese de adoção, porém como Robson mesmo diz: ‘Coração é terra que ninguém comanda’.


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– Procuramos a Vara da Infância e da Juventude daquele município e começamos a providenciar os documentos necessários para abertura do processo de habilitação. Hoje ele convive conosco, porém o processo ainda está em andamento, explicou.

Por essa razão, por determinação da justiça, o TRIBUNA não pode mostrar o rosto da criança.

Hoje, aos 10 anos de idade, a criança, segundo os pais, lida bem com o assunto adoção e também com o fato de ter dois pais. Outro fator que foi crucial para ajudar o casal nesta conquista foi o apoio familiar.

– Graças a Deus, nossa família abraçou a causa conosco, nosso filho convive muito bem com todos. Ele não apresenta nenhuma tristeza em relação a adoção e sobre nossa família, expondo com muita segurança aos colegas sobre o assunto, relatou.


O que nos motiva é olhar para nosso filho e ver o quanto ele hoje está feliz, em muitos momentos nos pegamos olhando para ele enquanto dorme e ver sua expressão de alegria. Ver a nossa continuidade nele, ver que aos poucos ele adere à nossas manias. Não tem preço que pague isso. 


Para os pais, o maior desafio e aprendizado em se tornarem os patriarcas da casa é o fato de ser uma referência na vida de alguém.

– Ser pai é fazer de você uma pessoa melhor ainda para que seus exemplos sejam seguidos. Ser pai é amar intensamente seu filho e valorizar ainda mais sua família. Ser pai é viver as experiências mais transformadoras da vida, concluiu.



 


1 Comentários

    • Claudilene 17:56

      Eu tenho a honra de conhecer esses seres de Luz…. Meu ex professor Robson é meu atual amigo de trabalho Xandão…. Orgulho me define.

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