Na quarta-feira de cinza, quando ocorre a apuração do desfile do Carnaval do Rio, os autores do samba da Mangueira esperam escutar apenas uma nota: 10, 10, 10 e 10 dos jurados.
Três compositores são de Volta Redonda e tiveram um gosto há mais neste domingo (17) quando a Verde e Rosa fez um ensaio geral na Sapucaí. Os sites especializados no Carnaval apontam o samba da escola como a favorita no Carnaval de 2019.
“É de arrepiar. Estive no ensaio e senti o que há de vir. É indescritível ver uma multidão cantando o nosso samba, mesmo debaixo de forte chuva”, disse Silvio Mama, um dos compositores de Volta Redonda.
Outros dois assinaram a autoria da composição: Ronie Oliveira e Márcio Bola. Eles vão desfilar ao lado dos puxadores oficiais e da bateria. E ainda: outros três de Volta Redonda entraram como colaboradores. São eles: Léo, Carlinhos e Vitor Nunes.
A Estação Primeira de Mangueira vai levar o enredo “História para ninar gente grande”. A escola vai homenagear heróis populares que tiveram atos importantes, mas foram omitidos nas páginas dos livros.
Com o objetivo de falar sobre a “história que a história não conta”, a agremiação vai relembrar a história de negros, índios e pobres, que tiveram atos importantes. O carnavalesco da Mangueira, Leandro Vieira, afirmou que os heróis populares vão ganhar nomes.
“Falta o capítulo que vai registrar o protagonismo popular. O capítulo que vai dar nomes aos índios, aos negros e aos pobres que com atos heroicos foram omitidos desses livros e não entraram para a história oficial”, afirmou Leandro Vieira.
“Eu pretendo desmistificar esse momento atual que nega a importância de índios e negros para a história do Brasil. Ainda falta muito a saber sobre a história do Brasil”, completou o carnavalesco.
Na letra do samba-enredo, a escola vai citar o nome da vereadora Marielle Franco, morta a tiros no dia 14 de março de 2018 no Rio
Letra do Samba
Brasil, chegou a vez
De ouvir as Marias, Mahins, Marielles, malês
De ouvir as Marias, Mahins, Marielles, malês
Brasil, meu nego
Deixa eu te contar
A história que a história não conta
O avesso do mesmo lugar
Na luta é que a gente se encontra
Brasil, meu dengo
A Mangueira chegou
Com versos que o livro apagou
Desde 1500
Tem mais invasão do que descobrimento
Tem sangue retinto pisado
Atrás do herói emoldurado
Mulheres, tamoios, mulatos
Eu quero um país que não está no retrato
Brasil, o teu nome é Dandara
E a tua cara é de cariri
Não veio do céu
Nem das mãos de Isabel
A liberdade é um dragão no mar de Aracati
Salve os caboclos de julho
Quem foi de aço nos anos de chumbo
Brasil, chegou a vez
De ouvir as Marias, Mahins, Marielles, malês
Mangueira, tira a poeira dos porões
Ô, abre alas pros teus heróis de barracões
Dos Brasil que se faz um país de Lecis, jamelões
São verde e rosa as multidões
Brasil, meu nego
Deixa eu te contar
A história que a história não conta
O avesso do mesmo lugar
Na luta é que a gente se encontra
Brasil, meu dengo
A Mangueira chegou
Com versos que o livro apagou
Desde 1500
Tem mais invasão do que descobrimento
Tem sangue retinto pisado
Atrás do herói emoldurado
Mulheres, tamoios, mulatos
Eu quero um país que não está no retrato
Brasil, o teu nome é Dandara
E a tua cara é de cariri
Não veio do céu
Nem das mãos de Isabel
A liberdade é um dragão no mar de Aracati
Salve os caboclos de julho
Quem foi de aço nos anos de chumbo
Brasil, chegou a vez
De ouvir as Marias, Mahins, Marielles, malês