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Saúde abre sindicância sobre falso médico em UPA




A Secretaria estadual de Saúde decidiu abrir, nesta quinta-feira, uma sindicância para apurar a contratação do falso médico Itamberg Oliveira Saldanha, de 31 anos, preso em flagrante enquanto atendia pacientes na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Realengo, administrada pela Organização Social (OS) Hospital Psiquiátrico Espírita Mahatma Gandhi. Em nota, a pasta informou que, por meio da Subsecretaria de Unidades Próprias, “está levantando todas as informações referentes” à atuação de Itamberg junto à OS.

Ainda de acordo com a secretaria, a Comissão de Acompanhamento e Fiscalização (CAF) do contrato com a OS está revendo todo o valor repassado para o pagamento do falso médico. O objetivo é que a quantia seja reembolsada ao Estado. Em salários, ele ganhou cerca de R$ 100 mil só este ano.

Itamberg atuava na ala para pacientes com Covid-19, na sala amarela da UPA de Realengo, destinada para casos de gravidade moderada. Por plantão, passavam por seus cuidados cerca de 70 pacientes. Há indícios de que ele atuava em pelo menos outras três unidades de saude da cidade, todas administradas pela mesma OS. O Globo procurou a Mahatma Gandhi pelos telefone e e-mail disponíveis no site, bem como através do celular pessoal do médico que dirige a organização, mas não obteve retorno.

A Secretaria estadual de Saúde afirmou ainda que vai se reunir com os conselho regionais de Medicina e de Enfermagem para “buscar meios de aprimorar a contratação de médicos, enfermeiors e demais profissionais de saúde”. A pasta informou também que os contratos com as OSs “são verificados de forma contínua” e que “está sendo criada a Subsecretaria de Acompanhamento de Contratos e Gestão”, de modo a facilitar esse processo. Por fim, a secretaria assegura que a “coordenação da UPA Realengo informa que está colaborando integralmente com a Polícia Civil na investigação do caso”.

As investigações da Polícia Civil tiveram início após o médico Álvaro Pereira de Carvalho ter comparecido à 12ª DP (Copacabana), onde informou que seu CRM estava sendo utilizado por um homem que atendia na UPA de Realengo, onde ele nunca havia trabalhado. Com os documentos de Álvaro, Itamberg chegou a ser vacinado contra a Covid-19.

Veja, abaixo, a íntegra da nota enviada pela Secretaria estadual de Saúde:

“A Secretaria de Estado de Saúde (SES), por meio da Subsecretaria de Unidades Próprias, esclarece que está levantando todas as informações referentes ao falso médico para abrir, nesta quinta-feira (19), uma sindicância para apurar a contratação dele, assim como as responsabilidades administrativas da Organização Social Hospital Psiquiátrico Espírita Mahatma Gandhi, que faz a gestão da unidade. Além disso, a Comissão de Acompanhamento e Fiscalização (CAF) do contrato com a OS está revendo todo o valor repassado para o pagamento do falso médico e fará uma glosa preventivamente para garantir que essa quantia seja reembolsada ao Estado.

Na próxima semana, a SES se reúne com o Conselho Regional de Medicina (Cremerj) e com o Conselho Regional de Enfermagem (Coren) do Estado do Rio de Janeiro para buscar meios de aprimorar a contratação de médicos, enfermeiros e demais profissionais de saúde. O objetivo é reforçar os mecanismos de fiscalização quanto às inscrições desses profissionais nos conselhos responsáveis por normatizar o exercício da profissão.

Os contratos com as OSS são verificados de forma contínua pelas CAFs. Todo problema verificado é questionado à organização social e, se a justificativa apresentada não for suficiente para dirimir dúvidas, pode haver sanções ou glosas. A SES ressalta que está sendo criada a Subsecretaria de Acompanhamento de Contratos de Gestão, visando aprimorar os processos de gestão de todos os contratos e serviços realizados pela secretaria.

A coordenação da UPA Realengo informa que está colaborando integralmente com a Polícia Civil na investigação do caso.”


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