Especial

Idosos contam como estão lidando com o isolamento em Barra Mansa



Por Felipe Rodrigues, especial para o TRIBUNA

Muitos encaram o termo ‘isolamento social’ como algo apenas prejudicial ao convívio entre as pessoas. Porém, em muitos casos, ele vem como um novo modelo de estruturação familiar e pessoal.

O fato é que quando lidamos com uma situação no qual devemos cumprir normas vinda dos principais órgãos da Saúde, devemos reorganizar nossas vidas, fazendo o certo para reverter a situação.

Desde quando o mundo declarou que o vírus provocado pela Covid-19 era pandemiológico, as orientações foram que os grupos de riscos evitassem sair nas ruas e ter contato com outras pessoas. Dentre esses grupos, um dos principais cuidados vai para os idosos.

Atualmente os pertencentes a melhor idade são ativos. Trabalham, viajam, praticam atividades físicas, vão em bares, festas, shows e mantém uma rotina com diversos afazeres diários que preenchem seus dias.

Diante do novo coronavírus essa realidade teve que ser alterada. E ai, como eles ficam? A reportagem especial do TRIBUNA traz três histórias de idosos que estão driblando a pandemia em suas casas sem cair no tédio.

Reprendendo a cada dia

O primeiro personagem dessa história é o advogado, morador de Barra Mansa, Deonil da Costa, de 72 anos. Segundo ele, antes da pandemia mantinha uma rotina normal de trabalho, lazer e atividades físicas.

Porém, após o isolamento social ser indicado como uma medida de extrema necessidade e de prevenção seus hábitos tiveram que ser repensando.

“A minha vida era normal até então. Trabalho com advocacia, então diariamente ia ao fórum, atendia clientes e exercia as demais atividades desenvolvidas nesta área. Com o isolamento social, minha vida mudou totalmente, mas eu entendo que diante da situação, o isolamento social se torna necessário e não há porque discutir isso e sim acatar”, disse.

Para aproveitar esse tempo, o advogado disse que teve que reformular seu cotidiano.

“A minha atual realidade é total dentro de casa, então procuro fazer coisas que me fazem bem, como cuidar dos afazeres do lar e manter minhas obrigações do serviço. Além disso, estou conseguindo dar uma atenção maior para minha família, principalmente ao meu neto, que se tornou minha maior diversão e distração”, revelou.

Em seu ponto de vista, o isolamento social não é motivo para tédio, mas sim uma situação que tem que ser respeitada.

“É uma mudança de hábito. Claro que eu desejo que essa situação passe logo e que todos possam voltar a rotina normal, mas vejo esse momento como um forma de valorizar mais a família e as pessoas que estão ao nosso lado”, refletiu.

Se reinventando a cada dia

Ter uma vida ativa e se deparar com um novo momento é difícil para todos, inclusive foi assim que a comerciante Maucina Ferreira, de 70 anos, encarou em primeiro momento o isolamento social.

Deixar de lado uma rotina com trabalho, igreja, atividades físicas, em primeiro momento foi algo que a senhora acreditou ser impossível.

Com o passar dos dias e procurando sempre algo novo para preencher sua rotina as coisas foram se adaptando. Hoje ela acredita que esse tempo que está tendo se tornou essencial para garantir que sua vida não seja afetada com o vírus.

“Sempre procurei cuidar da minha saúde e mente. E ter uma rotina com diversas atividades fazia com que eu me sentisse bem. Quando soube que a indicação era que os idosos ficassem em casa, não queria aceitar, pois sempre gostei de ser independente e ativa”, contou.

Apesar dessa realidade ser algo que ela não esperava, Maucina revelou que existem diversas atividades que ajudam a driblar o tédio.

“Com o isolamento veio responsabilidades, agora eu mesma arrumo minha casa, faço as refeições, cuido das plantas e dos cachorrinhos e ainda tenho tempo de assistir minhas novelas preferidas”, disse.

O isolamento também tornou a senhora mais conectada no mundo virtual.

“Meu neto criou uma conta pra mim no instagram e agora fico grande parte do dia todo assistindo os vídeos que estão disponíveis na plataforma. Além disso, uso o WhatsApp para me comunicar com meus amigos e familiares diariamente”.

De acordo com ela, os planos para quando o período de isolamento passar já estão arquitetados.

“A primeira coisa que eu quero fazer é voltar a trabalhar e estar ao lado de todas as pessoas que eu gosto, sem medo de abraçar, pois somente neste período que fica entendido esse distanciamento entre as pessoas, a gente enxerga quão importante é estar com aqueles que amamos”, revelou.

Se redescobrindo a cada dia

Reviravolta. Isso que aconteceu na vida da professora Rita de Fátima Rocha, de 61 anos. Ela que era acostumada a trabalhar, ser ativa nas atividades pastorais da igreja, na qual frenquenta, e ainda ser rotariana do Rotary Clube de Barra Mansa, teve que encontrar uma maneira para fazer da sua atual realidade a melhor possível.

Com todas as atividades em que ela participa paralisadas, sua condição foi respeitar o isolamento social e encontrar meios para que essa realidade fosse a melhor possível.

“O que mais me deixou entristecida em tudo isso foi não poder estar com as pessoas que eu convivo normalmente, mas eu estou ficando em casa, acatando as orientações do Ministério da Saúde, atuando com bom senso e com responsabilidade social com a vida”, contou.

Sua rotina não é muito diferente da grande maioria dos idosos, mas para ajudar a se manter firme diante da pandemia ela passou a dedicar mais tempo as coisas que antes desejava fazer, mas por conta da correria do dia-a-dia não encontrava tempo.

“Hoje eu dedico meu tempo as simples atividades que antes não tinha tanto tempo para fazer, como organização da casa, costura. Além disso, estou envolvida em um projeto de confecção de máscara do Rotary”.

Para passar o tempo ela deixou uma receita.

“Eu leio diferentes livros, dedico um tempo a meditação, oração, e nisso ganhei uma qualidade de vida melhor. Além disso, tenho mais tempo para ficar com meu marido e filhos. O idolamento também ajudou na melhora do nosso relacionamento”, concluiu.


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